Prisioneira em um balão de Ar

Tem uma coisa que quase ninguém sabe: eu tenho epilepsia.

Ao longo de 18 anos eu tive sintomas de algo que eu considerava normal. Eu pensava que aqueles meus sumiços do mundo (crise de ausência) eram comuns, que todas as pessoas sentiam. Mas, não.

Na verdade, um pico de alegria e ir ao mundo de êxtase, um momento de autoconhecimento profundo, de reflexões é mágico! Pena que eles duravam apenas 2 segundos. Logo, eram findados e o caos, a confusão e a tristeza vinham por minutos. Até que, após muitos anos de anunciação a convulsão veio.

Eu sou de família evangélica, imagina quantas pessoas não pensariam que era um demônio? A sorte é que meu tio mesmo missionário, era enfermeiro do BEC, e fez primeiros socorros.

Não! Epilepsia é uma doença e não um demônio! Uma convulsão é apenas uma reação quando seu cérebro não entende o que está acontecendo e emite várias sinapses. Não um ser ruim e possesso.

Foi difícil descobrir o que eu tinha, mas aconteceu. E, hoje, eu uso uma droga forte. Que gera depressão. Não é alucinógeno. Não dá reações padrões como dor de cabeça ou cansaço. Dá depressão, dá manchas no corpo, eu tenho mudanças de humor... Não é simples.

Quem vê meu riso não entende quando fico triste. Só que é inevitável. As vezes eu não tenho motivo pra ficar triste, mas fico.

Sou sempre muito grata, tento ser legal na medida do possível, eu tento ser feliz, a todo momento... Só que não é fácil. Não é simples.

Eu não bebo, não gosto e não posso.

Eu não beijo por beijar.

Não me abro com quase ninguém.

Não confio em praticamente ninguém.

As vezes não tenho ânimo pra nada. É uma luta contra meus pensamentos negativos. É uma batalha pra viver bem.

Desde o episódio, eu desisti de viver pelo dinheiro.

Não vivo querendo ser a pessoa mais rica do mundo ou melhor que alguém.

Eu vivo pra fazer o que gosto!

Amo marketing, amo conhecer pessoas e lugares..

Amo ouvir, ler e ver histórias. Sendo elas verdade ou não!

Amo ter essas inspirações e recria-las.

Escrevo.

Eu criei um plano perfeito: formar, especializar, atuar, publicar minhas artes, viajar, ter meu mini cantinho, minha locomoção e independência, escutar músicas, definir minha fé e quem sabe até ter uma família (essa não depende apenas de mim).

Mas pra isso, vou ter que lutar contra meus sentimentos ruins. Os dias maus. A noradrenalina, a falta de dopamina... aos efeitos daquilo que me deixa viver.

Edla Ellen
Enviado por Edla Ellen em 21/07/2022
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