REMINISCÊNCIAS
Ele ainda a ama. Muito. Está tentando esquece-la, mas ainda a ama. Ele se afastou dela para conseguir superar o desejo louco que sente de beija-la e possui-la em seus braços indefinidamente. Mas esse afastamento causa-lhe muita dor. Ele ainda a ama.
Quando a saudade está muito grande, quando o coração aperta muito no peito, parecendo que vai parar de bater, ele busca por ela. Procura entre as mensagens algum áudio com a voz dela. Aquela voz doce e suave, um carinho na alma, tão gostosa de ouvir quando chama seu nome. Um áudio qualquer, corriqueiro, mas que ajuda a suprir a necessidade que ele sente de ouvi-la falando seu nome ao pé do ouvido.
Uma fotografia simples também de torna um refúgio para a alma saudosa. Ele procura em seus arquivos a imagem de sua amada. Encontra uma em que estão lado a lado, tão próximos que até parece que estão juntos. Que sorriso lindo que ela tem! Fica olhando, encantado, para aquela boca perfeita, carnuda e atraente, que ele tanto deseja beijar. Apesar de lutar contra seus impulsos libidinosos, aquela boca sempre é uma forte tentação, à qual ele não pretende resistir. O que mais espera é poder sentir o gosto daqueles lábios junto aos seus ao menos uma vez.
A crise de abstinência se intensifica, fazendo-o procurar desesperadamente por aquela camiseta que guardou um pouco do perfume dela. O cheiro é fraco, bem suave, mas é o que ele tem para mantê-la mais presente em sua memória.
Ele chora. Percebe que o caminho até conseguir superar o que sente por ela será longo e árduo. Sabe que terá ainda outras recaídas como esta, onde buscará por qualquer reminiscência dela. Chora por saber que não poderá tê-la em seus braços, nem beijar sua linda boca, nem cheirar seu pescoço durante um abraço carinhoso. Chora o tempo perdido, chora sua carência, chora sua má sorte.
Abraça o travesseiro, imaginando que poderia ser o colo macio de sua amada, e adormece em meio às dores da saudade de algo que poderia ter sido, e jamais será.