Ressurgir

Tenho imaginado o mundo perfeito em minha cabeça. Descobri que ele não existe, não é alcançável, é distante. A perfeição é a própria imperfeição, a beleza da alma, o ser e estar. Existir é um ensaio para o que vem depois, o fim, o recomeço. Pode me odiar agora ou me amar com toda a intensidade.

Amor e ódio não são sentimentos opostos, não exatamente. São dois lados da mesma moeda, o amor nasce e floresce, e quando morre, se morre, se torna ódio. E ele é a força destrutiva do amor, porque tudo é dual, tudo é dois, infinitamente.

Amor é a força que constrói, sentimento indescritível. É o que movimenta o universo, e o que nos move. O amor é o que nos dá propósito, é a vida em sua expressão divina. No amor não há ciúmes, não há repulsa, nem há possibilidade alguma de se esquecer, não faz doer.

Se um dia eu terei que partir, que eu me torne uma partícula do amor que há em mim. Que por vezes esqueço e algo me faz lembrar. Que eu renasça dentro de mim! Que haja força e haja fragilidade, que eu tenha coragem para não sentir medo. Que eu não seja covarde e infiel a mim.

Eu cultuo minha própria existência em sua singularidade, eu existo em mim. Eu sou amor, e quando morro, renasço. Me perco na escuridão à procura da luz. Se um dia eu pudesse odiar ou ter noção do que é esse sentimento destruidor, seria o ódio por não existir. Quando eu já não respirar, não me leve flores, me leve uma dose de amor para que eu ressurja das cinzas e me torne poeira estelar.

Ps.: "catarse"