Alguém

 

 

 

Somos tão frágeis, tão sozinhos nesse mundo, nada nos alcança, não alcançamos ninguém, somos em mil pedaços redobrados, às vezes picotados, remendados ressurgimos, teimosos somos, ingratos somos, ensaiamos uma bondade, evoluímos, contendo os nossos instintos irracionais, seguimos incompreendidos tentando compreender.

 

Somos lançados à terra e não nos curvamos diante de tanta grandeza, fazemos o nosso próprio oceano, o adentramos, nos perdemos para que nada mais nos alcance... sequer nós mesmos. Conscientes e inocentes nesse mundo, partimos, vamos para onde todo orgulho, todo sonho, toda ilusão caba.

 

Quiçá ao longe, quando não mais estivermos, alguém, um único alguém à margem do nosso fim, nos enxergue, nos siga com o olhar, e nos veja e nos sinta tão sós, ao longe feito um barquinho que se perde às vistas mar à fora, e nos acene para um último instante que dele já não sabemos.

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 08/07/2022
Reeditado em 12/09/2022
Código do texto: T7555042
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