O menino e a peneira!
Certo dia, ainda menina, avistei um menino...
Carregava uma peneira d’água.
Sua mãe, atenta, lhe exclamou: - Aí estão os teus melhores despropósitos!
Alertava ela ao menino: - Olha e observa com atenção, meu filho. Eles escorrem como o vento que carrego em minhas mãos. Perceba na água que carregas entre furos, elas refletem diversos mundos. Lembra dos teus sonhos, menino!
Manoel de Barros também observara, atento!
Não demorou e chamou o menino. - Tua mãe tem razão! No entanto, são palavras que escoam das tuas mãos. Aquelas águas buscam caminhos na liberdade. Vá menino! Encontra as melhores aventuras. Escreva e serás infância, fantasia e alegria. Pensa que já és adulto, pois tão logo carpinteiro, médico, poeta, dançarino ou cousa qualquer. Vai menino! Não te demora!
Observou ao menino: - E a menina já te espera pra brincar. Está lá no bosque, em meio as flores a correr. Saibas, ela vai te abraçar. Está feliz! Ganhou vida!
Advertiu: - Vá com atenção, menino. Corre com cuidado. A estrada te espera com os pés descalços! O trem não para.
O menino se viu sem fôlego a correr. Encontrou um animal. Vinha em sua direção. Estava a saltitar.
Com medo, foi em direção ao mar e nadou sem esperar a correnteza acalmar.
Buscou atravessar o mar e gargalhou, sem precisar.
Mergulhou feliz sem pressa de voltar.
Viu que estivera livre.
Seus sonhos se tornaram pincéis. Fez da aquarela a sopa de letrinhas. Juntou lápis, pedras, argila e, todos eles, juntos na peneira estavam a se transformar!
Deu vida à joaninha que em suas mãos de menino pousou.
E antes do último suspiro lembrou dela, da sua mãe, já velhinho!
Lembrou, também, da sua amiga, a página em branco que tanto lhe acompanhou.
Eu era a menina que estivera por lá, aventurando-me junto ao menino. Corri entre as flores sentindo uma doce alegria.
Lembro do quanto ele me fez sorrir. O menino, que me escrevia e me deixara feliz.
Obrigada, menino, por todas as aventuras!
Escrito por “Velhacaneta”.
Autora: Milene os Santos de Bon
Escrito em 7 de julho de 2022.