A PRÁXIS PSICOLÓGICA
Nenhuma teoria psicológica, por mais perfeita e bem estruturada que seja, consegue dar uma resposta mais integral aos inúmeros porquês do ser humano, e propiciar um conhecimento profundo do seu ser, sem o recurso de uma vivência implacável que adentre no cerne da confiança e do amor. Sem tal vivência de almas, condição indispensável para o confronto com as questões profundas da espiritualidade, da fantasia e do desejo, qualquer teoria psicológica se tornaria empobrecida, ou seja, uma ciência sem alma e destituída da riqueza ontológica presente na linguagem oriunda de todo ente humano. Qualquer teoria que queira abranger desde os seus aspectos mais visíveis e exteriores, até a dimensão mais invisível e secreta do coração e da espiritualidade, precisa do aqui e agora da relação interpessoal a fim de obter o ouro mais refinado extraido de tais realidades. Uma psicologia profunda e que compreende a alma de um ser humano só tem sua razão de ser quando ela utiliza ao seu favor o dom da arte de ouvir e a força carismática da compreensão não só para alicerçar as bases de uma ciência da psique, mas para encontrar o caminho mais propício para a saúde da alma e da vida, na qual deve atingir até os aspectos mais recônditos do coração. O maior louro de uma teoria psicológica coesa só pode ser os frutos do trabalho cuidadoso de uma psicoterapia honesta, cujo intento vem a ser o conhecimento de uma pessoa na sua singularidade e de uma maneira diferenciada, criando condições para o surgimento de um vínculo capaz de dar à luz a descoberta da verdade de seu ser, descoberta capaz de surpreender até mesmo quem está sendo ouvido e acolhido em meio ao seu sofrimento existencial.