I-XLIX Jaezes de vida e morte
Estou nervoso, mas não por estar mentindo,
temo coisas além de você e deste abrigo.
É a ansiedade por tanto desejar,
a incapacidade de esquecer o mundo que me faz viciar.
E culpa alguma sinto por vê-la chorar,
pois sei que não lhe resta tempo para durar.
Assombras um hipócrita que mata por futuros e julga prostíbulos.
Um fraco do tipo que chora por frustações que não vão embora.
Se julga-me, não sei, mas sabes que para alguns o pior ansiei,
pois sou um ingênuo que nos zodíacos fiz-me e acreditei.
Há ainda quem aponte minha bondade santa, vendo-me como criança.
Calado e mutilado por quem permito e por quem insiste, sei que queres
mais uma vítima dessa tormenta, alguém que mostre, na arte, toda fraqueza.
Assim, caminho longe e volto sempre, com coração frio e mente quente.