I-XLIX Jaezes de vida e morte

Estou nervoso, mas não por estar mentindo,

temo coisas além de você e deste abrigo.

É a ansiedade por tanto desejar,

a incapacidade de esquecer o mundo que me faz viciar.

E culpa alguma sinto por vê-la chorar,

pois sei que não lhe resta tempo para durar.

Assombras um hipócrita que mata por futuros e julga prostíbulos.

Um fraco do tipo que chora por frustações que não vão embora.

Se julga-me, não sei, mas sabes que para alguns o pior ansiei,

pois sou um ingênuo que nos zodíacos fiz-me e acreditei.

Há ainda quem aponte minha bondade santa, vendo-me como criança.

Calado e mutilado por quem permito e por quem insiste, sei que queres

mais uma vítima dessa tormenta, alguém que mostre, na arte, toda fraqueza.

Assim, caminho longe e volto sempre, com coração frio e mente quente.

Murilo Porfírio
Enviado por Murilo Porfírio em 03/07/2022
Reeditado em 01/12/2023
Código do texto: T7551468
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