Travessia

Os sinais do tempo são nítidos.

Envelheço. Estremeço minha carne flébil contra as engrenagens deste mundo cibernético.

O beijo oco da minha anima me desperta pra mais um ato. Sinto em minhas fibras, quando outro arcano se eleva acima da minha face. - O heremita? O mago?

Tento desvelar os sinais. Mas, sobraram poucos de nós. Como um A. Osman Speare quase sem personae. Não sou mais o jogador de uma trama paralela, de um mundo onírico a vestir roupas e poderes à vontade.

Hoje, sinto o vento cálido da outra margem a agitar meus cabelos cada dia mais parcos.

De tanto fitar o espelho mágico, - tantas noites, tantas lágrimas - tudo se desfez: cenário, sonhos, fugas, histórias, lembranças, ...

Tanto o que se foi que a imagem olhou de volta e fui puxado por ela.

Atravessando-a, consumido, me tornei o personagem. Sou arcano encarnado, heremita ou mago, tanto faz. Pois, agora, sou letra, número e fado. Minha palavra é trovão, fogo e dardo.

Respiro fundo, jogo a alma na forja: tenho outras travessias a cruzar