confiar e se entregar é sempre ganhar.
sempre curti a ideia de uma borracha que apagasse memórias ruins, sentimentos incômodos e, principalmente, finais.
odeio despedidas. odeio o "e se". o eterno me parecia mais estável, seguro. mas, a mesma estabilidade que amadurece, também apodrece: questão de timing.
pensando em retrospecto, tudo isso soa como uma obsessão por controlar a entropia mundana. me proponho a repensar.
Freud disse que, quanto maior a transitoriedade de algo, maior o seu valor ao longo do tempo.
ou seja: por ser tão fugaz, devemos vivenciá-lo ainda mais intensamente. isso vale para pessoas, momentos. para a vida.
venho mudando algumas ideias de lugar, testando novas combinações, vendo onde vão se encaixar.
um tetris de incertezas, mas que, volta e meia, me presenteia com uma boa surpresa.
sigo tentando ser um quadro em branco, uma folha pairando no ar. e, parafraseando Hermes de Aquino, uma pedra que, em pó, vai se transformar.
minhas experiências, vivências e conhecimentos permanecem aqui, é claro. mas ainda encaro como um necessário exercício de sonhar e soltar, sem tanto controlar.
buscando uma leveza de beleza ímpar. algo que me faça o coração acalmar — ou acelerar.
deixando ir e vir, fluir. sentindo tudo o que tiver para sentir. como Rilke advertiu:
"Deixe tudo acontecer a você. Beleza e terror. Apenas continue. Nenhum sentimento é definitivo."
ruins ou bons, sei que eles vão e vêm.
aliviada, suspiro: ainda bem.