DESCANSE EM PAZ

Vinte e sete de Janeiro de dois mil e dezoito.

Meu coração jaz aqui exposto, fora do peito,

sem ter direito a privacidade de morrer sozinho.

Pode até parecer mesquinho

ter esse pensamento enquanto estou aqui escrevendo.

Memórias Póstumas não é o caso,

isso é coisa do Machado, não do Marcílio.

Então sigo com meu argumento

enquanto ainda estou vivendo.

Penso se seria possível mudar esse dia.

Quem sabe voltar, trilhar outro caminho.

Um que tivesse outra opção,

viver ou morrer eis a questão.

Esse destino agora sei a quem pertence,

quiçá não estivesse ausente,

quando o destino foi traçado,

talvez tivesse a chance de dizer

o quanto era errado.

Não foi minha escolha, nunca optei.

O desenho do projeto não fui eu quem tracei.

Então, segui-lo é realmente a minha sina?

Se alguém entende, por favor me explica!

Mas não complica, exemplifica,

simplifica para eu entender a questão.

Viver ou morrer, são essas as opções?

Se a cada dia que se vive se morre um pouco,

como inverter o processo e viver aos poucos.

Sei lá, dias, horas, minutos tudo traçado, projeto perfeito.

Só eu que acho errado?

A ilusão da vida é uma realidade ?

Está tudo certo ou sou eu, o equivocado?

Pensamentos se sucedem como ondas,

vêm e vão, alguns se perdem, outros não.

Naufragaram por estarem certos

ou ficaram à deriva por não serem corretos?

Talvez um dia alguém encontre os meus perdidos,

aí quem sabe, eu acredito.

MARCÍLIO TORRES FILHO
Enviado por MARCÍLIO TORRES FILHO em 24/06/2022
Código do texto: T7545119
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