Eleições 2022.

A eleição presidencial de 1989, no Brasil, foi a primeira após a promulgação da Constituição Federal de 1988. Passados 33 anos de democracia e 7 presidentes, o que melhorou e o que piorou na sua vida profissional, pessoal ou familiar por conta do seu voto, nobre leitor, você seria capaz de enumerar?

Você sabia que o nosso voto além de ajudar a selecionar um candidato ao prêmio de nosso representante e servidor da sociedade, também é usado para medir o tamanho da satisfação popular em relação a tudo de bom e de ruim que os servidores fazem? Quanto maiores as abstenções, quanto maiores os votos nulos, e quanto maiores os votos em branco, maior, também, a insatisfação popular, que fica flagrantemente exposta. Por isso instituíram o voto obrigatório e as penalidades, para tentar impedir o pior resultado. Mas não conseguiram, havemos de escancarar a nossa indignação e todo sentimento de repúdio pelo que nos causam.

Por exemplo, veja uma situação que me deixa revoltado:

O poder legislativo, no Brasil, soma:

- 81 senadores

- 513 deputados federais

- 1090 deputados estaduais em 27 estados mais o distrito federal e

- 57.261 vereadores em 5.570 municípios.

Cada um deles recebe um gabinete individual para trabalhar; então, são necessários 58.945 gabinetes com manutenção permanente para abrigar toda essa multidão de gente. Livre dos seus rendimentos mensais de R$ 33.763 mil, cada um dos Dep. Federais e Senadores recebe valor mensal de R$ 111.600 mil como verba de gabinete - você se deu conta de que este valor corresponde a 3 vezes o próprio salário do congressista? Esta vantagem indevida e infame serve, única e exclusivamente, para empregar o máximo de 25 assessores em seus escritórios. Lembra das rachadinhas do Flávio Bolsonaro?

Imagine, cidadão brasileiro, você bancar uma barbearia com 25 profissionais trabalhando, com todas as despesas pagas, inclusive encargos trabalhistas, 13°, férias e auxílio alimentação; uma barbearia completa, montada, de presente, para o seu representante parlamentar. Que regozijo maravilhoso!

Não somarei as outras vantagens paralelas e absurdas, acintes do tipo: imóveis funcionais; o governo oferece 432 deles com manutenção garantida ou auxílio moradia no valor de 4.253 reais para cada representante no Congresso Nacional, vai registrando; cota para o Exercício da Atividade Parlamentar que custeia as despesas do mandato, como passagens aéreas, contas de celular e despesas com correios; e mais: diárias de 524,00 reais por viagens nacionais, 391,00 dólares se for viagens internacionais, 428,00 dólares se para países da América do Sul; some agora os planos de saúde ilimitados, para além do mandato, tanto do parlamentar quanto da sua família; e, para terminar aqui, ignorando todo o restante desaforo que nos humilha e abate a nossa moral, anote aí que o governo nos estados reembolsa, ainda, despesas com combustível, selos, materiais gráficos e locação de imóveis. Você não leu errado, é isso mesmo, os Estados financiam o aluguel de imóvel para um escritório paralelo na cidade. Reparou a arrogância, o desprezo à população, o enriquecimento ilícito e sem limites? E a gente conivente com tudo isso. Até quando?

Apesar dessa farra desdenhosa com o nosso dinheiro, o grande gasto para os cofres públicos nem seriam apenas esses ganhos paralelos, muito menos o salário em si. Outro enorme volume de recursos, de grandes proporções mesmo, se espalha num efeito cascata para os demais setores do Judiciário, Ministério Público e outras áreas federais. Nestes, o descalabro assusta qualquer um! Melhor evitar de comentá-los por enquanto.

Pegue então o presidente Bolsonaro de exemplo: levando-se em conta que o salário mínimo é de R$ 1.212, ele, além dos R$ 30,394,70 mil, saiu da Câmara agraciado com benefício de deputado no valor de R$ 29.301,45 mil que, somados a aposentadoria anterior, de capitão reformado, por mês não ganha menos de R$ 65 mil.

Eu não sei você, mas a liberalidade destas despesas fazem eu me sentir um trouxa, um idiota, um palhaço... E sabe por quê? Porque com o meu suor eu ajudo a bancar esta farra, esta vilania, esta ruína pública. Os que são capazes de agir assim, não estão se importando nem comigo nem com ninguém. Por isso o aumento exagerado de pobres, desabrigados e famintos pelo país afora, não é só pelo momento conturbado que estamos vivendo hoje, não. O Brasil é um dos países onde a desigualdade é das mais perversas no planeta.

O voto obrigatório, percebeu?, voto obrigatório. Vou repetir: O voto obrigatório foi a maior cilada que os constituintes de 88 incluíram na nossa Constituição. Embora esta lei faça parte de outras cartas em outros países pobres mundo afora, o voto obrigatório não é legítimo, justamente por ser obrigatório. Ninguém tem o direito de obrigar seja quem for a fazer algo contra a sua própria vontade. A obrigatoriedade do voto e suas penalidades favorecem única e exclusivamente aos servidores eleitos que ficam naturalmente livres de prestarem contas de seus malefícios causados à sociedade. Sabendo que haverá voto suficiente para todos, ninguém prestará conta de coisa alguma. Por isso legislam em causa própria na maior cara de pau.

Leitor, se você não encontrar um candidato que prometa lutar para moralizar esta depredação do erário público em benefício próprio e votar nulo, não estará se omitindo coisa nenhuma, pois o voto nulo também é válido, é computado e fica registrado para posterior análise do comportamento da população, não fosse assim, não seria aceito, seria automaticamente descartado; ele expressa com indelével clareza que o eleitor respeita as regras, tem compromisso com a democracia e ostenta forte senso de moralidade pública.

Veja este caso: um eleitor entregou seu voto para o candidato A, o de sua preferência, mas B foi o eleito, por ter sido mais votado. Conclusão: ser voto vencido ou ter votado nulo é tudo igual! Quase, né? O voto nulo pesquisou mas não encontrou o candidato com o perfil que procurava.

Esta é, ou não é, uma autêntica demonstração de responsabilidade?

Só mais uma informação revoltante que merece registro: No Brasil, os parlamentares criaram duas fontes de financiamento; uma, a mais antiga, para os partidos políticos, vulgarmente conhecida como Fundo Partidário; outra fonte, a mais recente, para financiar os candidatos em campanha, vulgarmente conhecida como Fundo Eleitoral. Agora, em 2022, o F. Eleitoral recebeu R$ 4.900 (quatro BILHÕES e novecentos milhões de reais) dos cofres públicos para serem rateados entre os candidatos para financiamento de suas campanhas; as cotas serão gastas ao bel-prazer de cada um. Lembra dos atentados nos Estados Unidos, você não fica com certa ponta de vontade de entrar no Congresso e liquidar a fatura? Eu fico.

E você, amigo, já percebeu que neste sistema eleitoral só os eleitos ganham, independentemente da coloração partidária, qual a sua opinião? O que te faz se sentir vilipendiado? Como é que você demonstra a sua indignação?

Estamos praticamente a cem dias das eleições 2022, ajude-nos a moralizar a vida neste país. Esta farra com o nosso dinheiro tem que acabar. Se você investigar, conversar, pesquisar, mas não encontrar o candidato com o perfil que procura, dê preferência ao que promete moralizar esse estado decadente, não entregue seu voto a qualquer um ou para o menos ruim, nada de apadrinhamento político. Qualquer outro servidor substituto, eleito para gozar de semelhantes regalias, já entra candidato sonhando usufruir do mesmo luxo e requinte. E quando assumir o cargo, não se lembrará dos seus desconhecidos eleitores. Isso é fato, e você sabe disso.

Aja com responsabilidade, vamos tentar um país menos desigual. Você quer ou não quer um Brasil melhor para todos? Como se orgulhar do país, sem contribuir com a sua parte, justo você, que se acha impotente perante esse roubo infame? Agora é a hora de mostrar toda a sua indignação, a urna está vindo aí, de novo.

Dilucas
Enviado por Dilucas em 24/06/2022
Reeditado em 06/07/2023
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