Seja aquele que cura
Precisamos entender que cada um tem a sua própria história, a sua própria verdade, o seu próprio jeito de ser, a sua própria maneira de estar no mundo. E precisamos, também, entender que, se essas singularidades não ferem as singularidades das demais existências, devem ser respeitadas e defendidas em seu direito de existir. Com isso quero dizer que precisamos respeitar a diversidade humana que existe, sempre existiu e para sempre existirá. Precisamos olhar para quem é diferente de nós não com repulsa ou reprovação, mas com curiosidade: quem ele é? Por que ele é? E o que posso aprender com ele? Esse é um passo importante na construção de uma sociedade melhor, mais evoluída e com maior união.
O que acontece, entretanto, é que as pessoas não conseguem aceitar as diferenças e acabam até mesmo se matando por causa delas. Outras, quando deveriam oferecer amor e compreensão, só conseguem oferecer ofensas e humilhações, desprezando ligações de sangue, ignorando laços de amizade, desprezando discursos de “eu te amo”. Só porque o outro é diferente, não cumpre com as suas expectativas, nem segue os seus roteiros, muitas pessoas partem para a agressão, para a irracionalidade, e fazem com que aquele ser humano se sinta diminuído, desvalorizado, indigno diante da sua própria singularidade.
Com isso muitas pessoas sucumbem à dor de viverem vidas que não lhes pertencem, apenas para que não precisem enfrentar a ira e a raiva daqueles que estão ao seu redor. Escondem-se de si próprios. Tentam livrar-se de si mesmos. E, quando não conseguem se afastar da própria verdade uma vez que ela mora em suas essências, tomam atitudes drásticas a fim de alcançarem alívio para o tormento que é viver uma história que não condiz com as suas aspirações e vontades. Porque é, sim, doloroso e angustiante ficarmos acorrentados a realidades que em nada nos atendem, que, pelo contrário, apenas nos fazem nos sentir cada vez menos dignos, menos importantes, menos humanos.
Só que dentro de nós há uma capacidade cujo poder nem ao menos imaginamos: podemos ser aqueles que curam! Podemos ser aqueles que, ao invés de olhar para o oprimido com repulsa e desprezo, o contemplaremos em sua humanidade e preciosidade. Podemos ser aqueles que, ao invés de causar feridas, ofereceremos bálsamos às dores amargas. Podemos ser aqueles que, contagiados pelo prazer de ser capaz de amar as pessoas, as olharemos no profundo de seus olhos e diremos: eu aceito você. E aceitar alguém, com todas as suas particularidades e identidades, é sublime, é inspirador, é humano. Estar ao lado de alguém que nos permite ser quem somos sem cobranças ou reprovações, é uma das mais belas e enriquecedoras experiências que podemos atravessar. Ser um ser humano que não desperta medo nos outros, antes os encoraja a abrirem suas bocas e revelarem sua essência, é o maior estágio de evolução que podemos alcançar. É quando nos despimos de nossos egoísmos, julgamentos e preconceitos, e nos revestimos de humildade para reconhecer que somos importantes do nosso jeito assim como o outro é único e imprescindível da sua própria maneira!
(Texto de @Amilton.Jnior)