Melancolia agradável

Hoje eu estou me sentindo numa melancolia agradável. Deixei minha vulnerabilidade transparecer e apresentei a frágil fortaleza do que sou.

Não sei se é inteligível. A complexidade do que sou hoje, nesse momento, é uma beleza ambígua da melancolia feliz que sinto.

Como todos os dias, estou dada ao afeto, mas especialmente hoje ao auto cuidado. Estou permitindo me acessarem, sem pensar muito que, nessa via de mão dupla, podem me acessar com amor ou dor. Hoje estou aberta para me abraçarem e também para me ferirem. Eis a melancolia feliz de ser afetada pelo bom na medida que temo receber o mau.

Eis minha existência complexa. Sou feliz quando sou eu e isso implica temer a tristeza, pois, sempre que me abro para um, me deixo acessível para o outro.

Hoje, não só hoje, me elevo aos montes sem proteção e, em sociedade, trabalho para elevar os que amo comigo. Apresento o que estou aos meus, mas não os quero abaixo de mim. Não permito que meu ego seja solitário. Talvez seja patológico minha mania de equalizar tudo, mas quero os meus comigo até na ânsia de se sentirem minimamente perfeitos e nada importa.

E nesse momento, não só nesse, fujo mais ainda dos que não sentem e não são. Me recuso ao falso e recorro à verdade por mais triste que ela seja. Eis a melancolia feliz de acessar a dor de quem amo e que me ama e acolhe-lo no meu amor.

Não só hoje, quero ser eu e envolver os que amo no que estou. Quero que acessem minha felicidade, minha euforia, minha parte mais frágil, meu eu mais exposto e que sejam comigo.