No rio das Águas divinas (Ijuí) - Trecho 1
Desci da montanha, lugar onde contemplava o nascer de um novo dia e de um novo eu. Onde o silencio e a calmaria aquietaram meus pensamentos e aflições, onde a luz do Sol brilhava mostrando-se e mostrando-me o horizonte. Foi então que senti a necessidade de navegar no grande mar da vida novamente, desci em direção ao rio na busca de movimento e hoje me encontro aqui navegando, fluindo-me nesse rio.
O movimento aqui é constante, assim como os ciclos. Cheguei ainda no verão, o leito de areias brancas, água quente e o clima aconchegante, as margens verdes e abundantes. O sabor dessa água matou minha sede - que nem sabia que tinha -, de movimento, de novo, de vida!
O verão foi passando e estamos chegando no inverno. O que era verde e abundante hoje já mudou de cor e assim como as árvores o contexto, ambiente e pessoas começaram a se desfolhar e alguns galhos secaram...
O que posso aprender com essa estação? o que a natureza me ensina?
Que esse processo é natural, e a vida não se foi! Permanece impermanente!
Na natureza esse fenômeno ensina: Interiorização. As árvores concentram-se em si para maior aproveitamento de energia, da pouca que ainda resta, fortalecendo-se para um novo período de florescimento.
Dessa forma sigo eu, me fortalecendo... procurando me interiorizar, sem me encolher. E apesar de frio, o vento vem de popa impulsionando meu veleiro à frente.
Puxo as cordas e ajusto o leme. Assim sigo o curso desse rio, o rio das águas divinas que me ensina que o caminho as vezes é sinuoso e pedregoso. Mas que estou no rumo do grande oceano, que o caminho é longo e que novas estações e paisagens sempre aparecem.
Céu azul de brigadeiro, 3° c
Ijui 13/06/2022