Intensidade

Estou cansada de mim. Cansada dos meus olhares sobre o mundo. Cansada. E não, antes que pense, esse texto não é um desabafo e muito menos, uma maneira de fazer com que os outros sintam pena de meus infortúnios. Pobre criatura! Afinal, sejamos honestos. Estamos todos vagando em um oceano sem fim. Sobrevivendo aos impasses da vida.

A diferença é que enquanto uns sabem nadar, outros estão mergulhados. Afogando-se no sentimento em não ser. Eu estou mergulhada. Nunca soube nadar!

Estou mergulhada, porque tentei ser demais. Entreguei-me demais. Senti demais. Tudo de forma demasiada, ainda que sublime. Fui mais que devia. Senti tanto, e senti outra vez.

Até que em algum momento, que agora, não me lembro, deixei de sentir. E o oceano, tornou-se vazio.

Mas antes de tudo, entreguei-me mais. E aqueles que viram-me mergulhada, estranharam, zombaram. Pois, eles sabiam nadar. Alguns por sua vez, juntaram-se a mim. Também eram demais.

Poucos foram aqueles que, mesmo sabendo nadar, quiseram mergulhar comigo. Até que estes, também fossem embora.

Mas eu não os julgo, talvez eu fizesse o mesmo se soubesse nadar.

A questão é que eu sempre fui o extremo. O extremo da dor. Da alegria. Nunca, em hipótese alguma, nunca consegui contentar-me com o meio. Não me encaixava. Se eu não puder dar tudo que sou, não consigo. Sou o tudo, mas também, sou o nada.

Em um mundo onde as pessoas contentam-se com tão pouco, onde o amor esfria e a saudade torna-se apenas mais uma palavra vazia. Fui escolhida para sentir tudo. Dom ou maldição? Eis a questão.

Alanna Liz
Enviado por Alanna Liz em 12/06/2022
Reeditado em 12/06/2022
Código do texto: T7536486
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