Quando não nos ouvem

Quando não nos ouvem

Se há algo que eu particularmente detesto é quando não me ouvem. Dizem que é conversando que nos entendemos, mas o que fazer quando tentamos nos fazer entender, dizendo tudo que sentimos e pensamos, explicando todas as nossas razões e a outra parte simplesmente não nos entende ou se recusa a nos entender? É como se o que sentíssemos ou pensássemos não fosse importante. A sensação é indescritível e tudo que posso dizer é que é horrível. Há pessoas com quem não é possível conversar porque elas não querem entender que as outras pessoas têm outra visão de mundo, com outras perspectivas. Outra coisa horrível é quando tentam nos impor gostos pessoais. Imaginemos que você gosta de cabelo curtinho mas a sua filha quer ter cabelo longo. Foi o que aconteceu com uma menina. A mãe mandava que a cabeleireira cortasse o cabelo da filha bem curtinho, mesmo quando a filha dizia que não gostava e que as outras crianças zombavam dela, chamando-a de “careca” e “pelada”. Como vemos, a mãe não soube ouvir a filha e as consequências foram bastante desagradáveis. A filha confessou mais tarde que sentia muita raiva da mãe por obriga-la a usar um corte que ela detestava e que achava que a mãe não se importava com o fato de que riam dela na escola.

Um outro erro que muitos pais que não ouvem os filhos cometem é o de querer que eles sigam determinadas carreiras, ainda que os filhos digam que não têm vocação para a área. Pensemos no caso de um rapaz que não tinha estômago nem mesmo para ver um animal sendo dissecado. Os pais queriam de todo jeito que o rapaz fosse médico e não aceitaram quando ele foi ser contador. Mas não é melhor um bom contador do que um mau médico? Devido ao fato de que muitos pais não ouvem os filhos é que vemos péssimos profissionais que levam vidas frustrantes. Fazer um curso que não se gosta é viver uma mentira, pois se está fazendo algo apenas para satisfazer a outra pessoa. Os pais deveriam entender que uma coisa é dar conselhos e orientar para a vida, outra é querer decidir a vida dos filhos por eles. E, se os pais acham que têm que decidir a vida de filhos já adultos, alguma coisa está muito errada. Ou os pais não entenderam que o filho cresceu e tem que tomar suas decisões ou o filho é um completo incapaz.

Para que sejamos capazes de conversar, temos que saber ouvir. Apenas ouvindo bem as pessoas, poderemos chegar a um entendimento. Muitas pessoas querem que os outros as ouçam, entretanto elas próprias não são capazes de ouvir. Se ninguém ouvir ninguém, como haverá comunicação? Temos que compreender que não dá para apenas falar e falar. Até mesmo para sermos capazes de dar bons conselhos ou dizer algo que ajude alguém que está aflito a se sentir melhor é necessário que primeiro ouçamos tal pessoa. Ouvir é muito importante para que as pessoas tenham uma convivência mais harmoniosa. Vamos aprender a ouvir mais principalmente para que saibamos o que falar. Também precisamos entender que não somos donos da verdade antes de ficarmos falando como se soubéssemos o que é o melhor para os outros, até porque as pessoas são diferentes e se acontece de muitas vezes não sabermos o que é o melhor para nós, como podemos saber o que é o melhor para alguém que tem outra cabeça e viveu outras experiências de vida? Ouçamos bem antes de falar.