Sobre Abelardo e Ockham
Para distinguir o aspecto não significativo do mínimo audível é necessário fazer distinção entre os dois aspectos intrínsecos à vox, isto é, o sensível ou a matéria e o inteligível ou o psicológico. O signo que significa naturalmente o significa por convenção (totalmente aceita) de que o referente está submetido a lei de causalidade. Porém, a convenção a que me refiro não é a da vox que enquanto signo constitui um som que significa por convenção ou pela vontade, ou seja, a vontade daquele que impõe o significado (secundum voluntatem imponentis). As palavras significam primeiramente as intelecções por o nome e o verbo derivado designarem uma mesma coisa no mundo, por o nome e o verbo diferenciarem-se respectivamente pela referência substancial (in essentia) e acidental (in adiacentia) das coisas, por examinarmos a frase analisando o verbo e o nome a partir do princípio de composicionalidade e por existirem as intelecções quando não mais existem as coisas. Porém, a vinda da frase ao expressar por meio das intelecções provém das nossas faculdades intelectivas as quais devemos analisar para nos apossarmos (dogmatismo) ou não (ceticismo) da sua compreensão, isto é, filosoficamente poderíamos apenas concluir que por meio do dictum propositionis sabemos _ com base em sua filosofia _ as relações e ligações entre coisas sensíveis no mundo, o que não significa, por sua vez, que não exista os singulares ou que não podemos o compreender.
A priori, Ockham admite o dualismo entre as formas de se obter conhecimento na medida que divide o conhecimento entre abstrato e intuitivo. E é um empirista radical na medida em que para ele a verdade e realidade de uma proposição não deriva-se de ideias abstratas, e sim da evidência imediata. Convém, portanto, ressaltar que a adoção de ambas as correntes filosóficas extremas exige fortes e numerosos argumentos para tal. Assim sendo, é mais inteligente avocar o bom senso de Aristóteles e aplicar ao contexto epistemológico. É isto que o leva a afirmar à linguagem externa e às entidades particulares do mundo como determinantes do/no pensamento, que é uma linguagem interna, daí a subordinação da palavra escrita a palavra falada (objetos singulares), onde ambas resultam da significação convencional, que por sua vez resulta da significação natural (não-convencional), em outros termos, estão todos ao mundo externo subordinado _ onde advém os conceitos _, eis o que outrora estava oculto em sua filosofia. Portanto, não é a linguagem natural da mente _ que se liga as coisas por semântica _ que trás o conceito como base da linguagem mental, mas sim os objetos. Destarte, Ockham entra em aporia ao afirmar que os conceitos significam naturalmente os objetos, é justamente o oposto, haja vista, que os conceitos se assemelham aos seus objetos. Ele adota os conceitos partindo da alma ("conceitos ou intenções da alma") como tentativa de ludibriar tal impasse, tendo em vista, que sobre isso nada esclarece. O que significa dizer que o conceito compartilha uma semelhança semântica com o objeto? Eis o seu terminismo.
Rematando, a breve análise que dispus baseia-se na função gramatical e lógica do termo, diferente o é da baseada na constituição ontológica e na sua origem, como, por exemplo, o termo mental (terminus scriptus), que se enquadra na categoria do signo natural linguístico.