O tempo passa, mas tem sentimento que não muda
E se passaram nove anos.
Sempre está presente em meu pensamento.
Aliás, como teria coisas para lhe contar...
Algumas, o senhor iria chorar de emoção
Outras, iria dizer: “Olha... cuidado” (risos), mas iria rir também
Nossos passeios juntos seriam os momentos mais incríveis da minha vida.
Primeiro, porque eu iria dirigir para o senhor! Seria muito engraçado! Até imagino.
Seriam as frases de sempre:
“Tu não teima!”
“O lá de cima tá vendo” (essa era boa, pra me convencer de que o que eu estava fazendo era errado. E convencia porque eu parava na mesma hora)
“Duvido tu fazer ‘tal coisa’” (para que eu fizesse o que o senhor queria. Mesmo eu não sendo mais criança, o argumento seria plenamente lógico e aceito)
Como eu te amava!
Às vezes só de olhar pra ti, a gente já começava a rir e a frase que o senhor dizia era: “tu é besta, ein!”
Aliás, se eu era besta para rir por qualquer besteira, herdei do senhor.
Mas, infelizmente, isso morreu um pouco em mim, ou se desfez com sua ausência.
Te esperar todo dia chegar do trabalho.
Ficar na expectativa de ouvir suas estórias “mal contadas” (risos)
A parte da vida com o senhor que foi carregada de desafios... não é que esqueci, mas busco não evidenciar na minha mente.
Um dos melhores conselhos que o senhor me deu, dentre os vários, foi: “trate de cuidar da sua vida, porque não posso fazer mais nada por você”. No dia, foi como uma faca, mas engoli o choro e tratei de “cuidar”, no que eu podia.
Hoje, entendo que foi o melhor que o senhor poderia ter me dito.
Minhas lembranças a seu respeito é de como o senhor era engraçado, responsável, legal, bagunceiro, brincalhão, amigo de conversas.
Acho que por isso que gosto tanto de conversar com quem realmente está disposto a se envolver no assunto.
E, o que mais alivia é que tudo que pude fazer e dizer enquanto o senhor estava por aqui, eu disse e fiz.
Obrigada, pai.