Quem sou eu agora?
Num domingo de outono
O vento frio já ali soprava
Decidi então de casa sair
Para ver se o encontrava
Encontrava aquilo que havia perdido
Encontrá-lo eu precisava
E após muito dirigir
Decidi o carro encostar
Noite a dentro eu me embrenhava
Parei num local charmoso e belo
Uma praça arborizada
Com um grande lago bem no centro
E já muito admirado
Sua beleza contemplava
Em minhas mãos uma pequena luz
Com os tragos mais brilhava
Um cigarro companheiro
Naquele momento eu me indagava
Quem será que sou agora?
Até o fim dessa história
A resposta já chegava
Mas além do meu cigarro
Na praça, só, eu não estava
Algumas personas ali brotavam
Algumas inclusive me olhavam
Tímido eu as cumprimentava
Haviam pessoas ali correndo
Praticando exercícios
Alguns casais apaixonados
Quase nada preocupados
Com os outros indivíduos
Animais noturnos também surgiam
Como um pequeno gambá
Procurava por comida
Mato adentro a vasculhar
De vez em quando ele notava
que sozinho não estava
Assustado assim corria
Tentando se camuflar
Foi então que a epifania
veio a me tranquilizar
Eu já fui cada um deles!
Disse ao me exasperar
Fui o atleta que corria
O apaixonado que beijava
E até mesmo o gambá
Que assustado só queria
Meu futuro alcançar
Mas agora, quem sou eu?
Eu seguia a questionar
O fumante solitário, oras
Respondia ao pensar
Nem melhor e nem pior
Ponderava a divagar
Esse é só seu novo eu
Que tão logo percebeu
Logo menos deve acabar
Tudo na vida é transitório
Concluía ao o local deixar
A única constante sou eu mesmo
Que enquanto eu viver
Eu comigo vou ficar
Voltando pra casa percebi
Que não precisava mais procurar
Essa versão eu encontrei
Ao na praça descansar
Quando será mudo de novo?
Eu pensei ao suspirar
Nem esquenta, velho amigo
Disse sozinho a conversar
Quando voltar a se perder
Mesmo que já não possas ver
Sairemos a procurar.