I-XXXVII Jaezes de vida e morte
Por aí, ando sem haver luz, como se coisa alguma temesse mais.
Pernas faziam-se bambas e as mãos nunca abertas,
a pele suava, o coração sentia minhas obras inacabadas.
Sinto-me nem mais, nem menos fraca, apenas cansada.
É a exaustão por temer algo que há tanto se atrasa.
O que se mostra adiante já nem mais basta,
e para ti tantas coisas adiantam.
À direita, insanidade, à esquerda, melancolia.
E ainda me puxa ao alto para que eu viva pior agonia.
Que castigo!
Mal chega a criatividade botando-te em palavras e já queres as últimas.
Que doença é esta que me faz pensar só haver você?
Escrevo por cima do que já havia dito, por vergonha,
e por ainda querer ser lida, mesmo que incompreendida.
Que eu me torne morta, se é a vida que me faz perdida.