Distopias diárias
O mundo segue com pessoas mais rasas do que um pires.
E tão insossas quanto a comida de 10 reais que como nas horas vagas.
A vida segue,
Enquanto nos perdemos entre horários de ônibus que pegamos pelo caminho, nas horas e pessoas que perdemos pela vida.
No tique taque incessante desse capataz cruel que arrasta as horas a se trabalhar e que faz o tempo voar toda vez que estamos "soltos", por assim dizer.
O tempo anda voando, enquanto a vida rasteja.
Beba seu café.
Fume seu cigarro.
Bata seu ponto.
"Tenha um bom dia".
A cidade, se tornou cinza.
Acinzentada como todas as outras cidades que conheci; como todos os olhos que vi, como todas as pessoas mecanizadas nas filas de bater ponto e nas filas de bancos.
O nascer e o pôr do sol, parecem meras ilusões de uma mente perturbada por falta de sono e alimentação equilibrada - tudo meio embaçado, como filmagens antigas em formato "Super 8".
A trilha sonora, por sua vez, busca afastar o mal astral e fazer vídeos com dancinhas é a nova moda.
Tudo é réplica.
Nada mais e nem ninguém é original.
Ninguém que se preze não sabe mais dançar.
Os cursos, duram cerca de quinze segundos.
Rápido, como tudo agora o é.
Sigo preso na "dança louca das borboletas", vivendo no meu próprio ritmo em meio a todos os bombardeios cotidianos - e ainda teimando em dançar desajeitado. Acho que em meio a tantas realidades, não há nada de errado em criar a nossa própria.
Mas a verdade é que nos sufocaram.
Nos mataram.
Nos transformaram em eunucos frente aos sonhos da vida.
E não há mais um amanhã.