Distopias diárias

O mundo segue com pessoas mais rasas do que um pires.

E tão insossas quanto a comida de 10 reais que como nas horas vagas.

A vida segue,

Enquanto nos perdemos entre horários de ônibus que pegamos pelo caminho, nas horas e pessoas que perdemos pela vida.

No tique taque incessante desse capataz cruel que arrasta as horas a se trabalhar e que faz o tempo voar toda vez que estamos "soltos", por assim dizer.

O tempo anda voando, enquanto a vida rasteja.

Beba seu café.

Fume seu cigarro.

Bata seu ponto.

"Tenha um bom dia".

A cidade, se tornou cinza.

Acinzentada como todas as outras cidades que conheci; como todos os olhos que vi, como todas as pessoas mecanizadas nas filas de bater ponto e nas filas de bancos.

O nascer e o pôr do sol, parecem meras ilusões de uma mente perturbada por falta de sono e alimentação equilibrada - tudo meio embaçado, como filmagens antigas em formato "Super 8".

A trilha sonora, por sua vez, busca afastar o mal astral e fazer vídeos com dancinhas é a nova moda.

Tudo é réplica.

Nada mais e nem ninguém é original.

Ninguém que se preze não sabe mais dançar.

Os cursos, duram cerca de quinze segundos.

Rápido, como tudo agora o é.

Sigo preso na "dança louca das borboletas", vivendo no meu próprio ritmo em meio a todos os bombardeios cotidianos - e ainda teimando em dançar desajeitado. Acho que em meio a tantas realidades, não há nada de errado em criar a nossa própria.

Mas a verdade é que nos sufocaram.

Nos mataram.

Nos transformaram em eunucos frente aos sonhos da vida.

E não há mais um amanhã.

Marcos Tinguah Vinicius
Enviado por Marcos Tinguah Vinicius em 12/05/2022
Código do texto: T7514327
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