De onde vem a sabedoria

"Fui caminhar pelos campos em direção a minha amiga copaíba. Encontrei alguns frutos de Pequi e comi ali mesmo, estava quente e suculento. Sentei sob o pequizeiro próximo a cerca de divisa, mas os mosquitos e formigas não me deixaram relaxar. Será que ainda sirvo pra acampar?

Sozinha não sei se tenho coragem, mas seria legal. Já que não tenho companhia.

Lembro da época que morava na cidade e vinha pra roça com a barraca emprestada de uma cliente, acampava, sozinha, passava o dia todo no mato, fumando, escrevendo, fotografando, pensando na vida. Era tão gostoso. Eu me sentia livre, sem medo algum, sem vergonha. Hoje tenho minha própria barraca e muito pudor.

Vi a Petit falando que ir pra Ìndia com a professora Lúcia Helena Galvão vai ajudá-la a se descobrir e expandir a consciência. É certo que viajar nos tira da bolha, nos ensina muitas coisas. Penso que seria mais potente pra expansão de consciência se ela soubesse lidar com a própria família, apesar que eu bem sei, nascer num seio familiar que não te faz sentir pertencente não deveria ser uma sentença de morte. Ninguém aprende sobre paciência sem ter que exercitá-la. O caos não dá a virtude da paciência mas a oportunidade de praticá-la como a um músculo que precisa ser exercitado. Durante viagens, assim como a jornada de viver numa família e sociedade disfuncional, aparecem desafios que nos obrigam a transpô-los. E isso amadurece, expande a consciência, desde que esteja aberta. Não significa que quem é pobre e não tem condição de viajar pra Índia ou pro Himalaia não seja alguém sábio."

Carla Flores
Enviado por Carla Flores em 11/05/2022
Reeditado em 14/10/2022
Código do texto: T7514009
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.