A vida pede urgência
Há poucas semanas, em um dos episódios* do Diálogos, tive o prazer de receber a contribuição da psicóloga Daniela Perfeito que, com tantas falas inspiradoras, fez com que nos apercebêssemos do fato de que a vida pede urgência. E é exatamente isso. A vida exige de nós que tenhamos urgência por vivê-la pelo simples fato de que ela é finita, efêmera, passageira. Mas tomemos cuidado. Viver a vida com urgência não quer dizer que a viveremos afobados, repletos de ansiedade, como verdadeiros desnorteados, como pessoas que tentarão abraçar o mundo ignorando os limites dos próprios braços. Não é isso. Isso seria viver a vida com ignorância, por ignorarmos que para bem viver é necessário que vivamos com sabedoria.
Mas, se urgência não quer dizer ansiedade, então o que quer nos mostrar? É muito simples. Viver a vida com urgência é vivê-la com autenticidade. É passar por ela de verdade. É senti-la na pele como sentimos a água que cai do chuveiro e percorre o nosso corpo. Porque a verdade é que muitos passam pela vida, mas não a sentem, não a percebem, não a vivem realmente. Podem estar respirando, podem estar se alimentando, podem estar indo de um lugar ao outro, mas ainda assim não estão vivendo. Sobrevivem. Mas não vivem.
Porque viver a vida com urgência é vivê-la com a certeza de que, sim, ela é transitória. E com isso quero dizer que a vida terminará. Passará. Acabará. Talvez não a vida no geral. O mundo continuará depois de nós. Mas o nosso mundo, esse que somente nós temos acesso, um dia será descontinuado. E é aí que está a necessidade da urgência. Viver com urgência é viver o presente. É estar conectado com o agora. É estar ligado ao aqui. Viver com urgência é ouvir o que as pessoas estão falando quando a nós dirigem seus discursos, é entender o que estamos lendo enquanto nossos olhos passeiam pelas palavras de um livro, é sentir o coração ferver quando aquela pessoa que tanto amamos nos deu um beijo repleto de afeto. Porque a verdade é que muitos, enquanto alguém lhes dirige palavras, estão com a mente vagueando para outros lugares; fazem o mesmo enquanto leem, quando, ao invés de estarem mergulhados naquele Universo tão único e singular, estão pensando nas obrigações do dia seguinte; e repetem esse erro quando, ao receberem uma demonstração genuína de afeto e carinho, só conseguem pensar nos desencontros que às vezes acontecem entre aqueles que se amam. Percebe? Viver a vida com urgência é viver atento ao que de mais importante pode existir.
Então fica aqui a convite para que você experimente a vida urgentemente. Lembre-se: não é para viver afobado, como um inconsequente, atirando para todos os lados na vã esperança de acertar alguma coisa. Viver com urgência é viver sabendo que, se o nosso tempo é limitado, não podemos desperdiçá-lo mirando em alvos aleatórios, antes precisamos investi-lo para que entre nós e as coisas que importam possam ser construídas pontes que nos permitam transitar e saborear os prazeres da existência!
(*) O episódio em questão é o quarto, intitulado “Como encarar a certeza do nosso fim”. Você pode ouvi-lo procurando por Diálogos com Amilton Júnior no Spotify, Deezer, Orelo e Google Podcasts, ou acessando o link no meu perfil no Instagram.
(Texto escrito por @Amilton.Jnior)