A SOCIEDADE QUE ODEIA ABORTO

A sociedade brasileira ODEIA mulheres que fazem aborto!

A nossa sociedade acha um milagre quando uma mulher, mesmo aos 14 anos, engravida.

Essa sociedade acha bonito quando uma mulher, desempregada e sem renda, carrega um filho em seu ventre por 9 meses.

A nossa nação adora ouvir os gritos e gemidos da dor de uma mulher no parto ao dar a luz.

O Brasil vê como guerreira uma mulher que sai da maternidade com seu filho tendo somente o nome dela na certidão do recém nascido.

A sociedade do nosso país acha inspirador a humilhação de uma mulher ao mendigar os 50 reais de pensão ao pai do seu filho e conseguir se virar durante todo o mês com esse valor.

A nossa sociedade brasileira vê com bons olhos a mulher que não desiste ao perder o emprego, quando raramente o encontra, para cuidar de seus filhos, uma vez que não há ninguém para cuidar deles enquanto exerce sua atividade laboral.

A sociedade aplaude a mulher guerreira que, totalmente sem renda, sabe-se lá como consegue um trocado e compra mercadoria para, junto de seus filhos, ir ao semáforo vendê-las para conseguir um pão para o desjejum do dia seguinte.

Essa sociedade acha magnífico quando essa mulher não desiste do seu filho, agora crescido, quando este comete um crime e vai visitá-lo com total esperança de mãe no local de recuperação social.

A sociedade em que vivemos sente prazer ao ver uma mãe chorando a morte brutal de seu filho, ainda que um bandido de qualquer espécie, como demonstração de seu gigante amor maternal independente do destino que tomou sua prole.

A sociedade se orgulha quando essa mulher, por meio do Estado ou por privilégio do tal destino, consegue abortar um mau elemento do convívio social depois de tê-lo criado, dado amor, seu tempo e sua vida em prol desse filho, agora, morto.

Essa nossa sociedade brasileira adora ver, ouvir, saber, imaginar as lágrimas de uma mulher nos sofrimentos que somente esse gênero é capaz de experimentar e, ainda assim, continuar vivendo, ou melhor, sobrevivendo apesar dos pesares.

Mas o que incomoda nisso tudo é o virar dos olhinhos de uma mulher na hora do “bem bão”. Isso não! O prazer da carne não é coisa de mulher direita. Fez sozinha o filho, foi sua escolha, tem que aguentar as consequências, em sua maioria positiva, da falta de juízo.

EU SOU CONTRA O ABORTO!

Mas eu sou infinitamente a favor do direito de decisão que só cabe a quem carrega consigo um útero.

Max Moraes