METANOIA E INDIVIDUAÇÃO
Todo mal que não é revisto em si mesmo pode se manifestar das piores formas possíveis, afetando negativamente não só quem dá vazão a sua potencialidade danosa por meio de atitudes e gestos repletos de perigo e soberba, mas também todo aquele com quem estabelece relações, sejam elas quais forem. Por meio dessa cegueira para a própria escuridão e para a percepção da prática cultural que existe de longa data, toda uma nação pode sofrer com os seus efeitos destrutíveis e implacáveis. A história da humanidade, com suas grandes civilizações, é o testemunho de toda sua insensatez e corrupção. Indo na contramão dessa tendências, penso que toda força transformadora de um ser começa pela paixão do autoconhecimento, uma modalidade de comhecimento que parte de um saber pessoal a respeito de suas proprias antinomias, contradições, incongruências, dissonâncias e fracassos em levar uma vida sã e pacífica. Ninguém consegue atingir a metanoia sem uma certa dose de angústia em face de suas mazelas, a fim de, quem sabe, levar adiante o projeto de uma vida mais dedicada a alcançar a integridade e a verdade. Toda forma de individuação precisa por parte daquele que vivencia o seu processo passar pela morte do velho homem para então dar vida a um ser humano renovado e ressurgido de suas próprias cinzas.