O correto pensar _ a epistemologia e a ontologia em uma abordagem linguística
O algo implica o algum na medida em que o algo é, a priori, totalmente indeterminado/indefinível (pronominal indefinido), como é definido no minidicionário larousse da língua portuguesa, "alguma coisa, qualquer coisa". Indefinível na medida em que o pensar nunca é o pensar sobre algo a priori, e sim que este pensar se inscreve em um campo morfológico de possibilidades submetido a sintaxe à construção do (s) conceito (s), que resulta na semântica, onde usualmente dela também depende. Entretanto, o pronome algum é definido como um entre dois ou mais, isto é, qualquer coisa delimitada entre os extremos, quaisquer dos indivíduos de uma espécie (tal adoção da definição é optada por se tratar de uma análise da gênese do conceito). Sendo a filosofia um pensar que se caracteriza do partir do geral ao uno (diferente do a priori sintético na matemática), sua forma, a priori, caótica, é destituída de substância. O indivíduo dotado de intencionalidade se direciona ao objeto de estudo (até então inexistente) e começa a defini-la a partir de conceitos previamente conhecidos. O algo jaz algum; principia a obter forma. É onde as palavras começam a se combinar e adquirirem valor sintático e o conceito (em/sobre/ e ele mesmo) começa a adquirir o sujeito, assim dizendo, alguém (aqui utilizando-se do método analógico). Da mesma forma que o ser (a res cogitans) apreende o objeto através da sensação, que é a capacidade de recepção dos órgãos sensórios (matéria orgânica organizada em torno de uma função, porém, sem consciência), que jaz percepção, pois desta a interpreta. A delimitação do campo é a primeira etapa para o advento do conceito, ou seja, a passagem do algo para o algum, que trás o alguém (sujeito em minoridade).
Tendo em vista que podemos pensar naquilo (algum) que nada maior (alguém) pode ser pensado e que esta é a definição de Deus (sujeito), pois já provido de predicado o é. Sendo esta existência, não menos que, formal. Sendo também tudo o que existe na mente e na realidade superior ao que somente na mente existe e que para uma existência se concretize não deve apenas ter signo e significado, mas também referente. Devemos por reductio ad absurdum concluir que para a nossa proposição seja mantida, pois nos é evidente o absurdo da sua negação, Deus deve não só existir em nossa mente como realidade formal, mas também externamente a ela como realidade objetiva, em outras palavras, o seu significado deve ter realidade eficiente. Nesse momento podemos observar a implicação que há entre algo (antes da conceituação), algum e alguém; o sujeito é um não necessariamente. Isto nos leva ao fato que o conceito sempre é um conceito sobre algo, sendo assim, realidade formal e/ou real terá. Portanto, tratando-se a respeito do Ser, realidade formal e real teria, concomitantemente não podendo ele o nada ser, que é equivalente a tudo em sua absoluta/universal negação do conceito, pois o tudo ao abarcar toda a conceituação o nada torna-se e por da barreira do algo não ultrapassar; sendo um conceito destituído de sujeito, isto é, delimitação do campo e uma função, nada é. Por conseguinte, o tudo implica o todo, pois é necessário.
Rematando, para que a totalidade do tudo exista formalmente, isto é, não seja um conceito vazio, deve sujeito ter. Assim, a sua significação estaria completa e passaria do alguém ("A totalidade das coisas, dos seres") para o sujeito, que é o todo ("A que não falta nenhuma parte; inteiro, completo, total"), ou por outra, o Ser, visto que, tudo é aquilo que nada maior pode ser e que o todo é maior que a soma de suas partes.