Minha Maior Virtude
Uma das melhores consequências do isolamento forçado pela desgraça da Covid-19 foi que nos inúmeros momentos de tédio profundo, somado com a miserável condição do bolso vazio, da internet vagabunda, entre outras coisas que vivi intensamente, foi que acabei me identificando muito coma vida de Santo Agostinho, dado que nos últimos 19 anos da minha vida infeliz, eu "chafurdei-me no lamaçal do fundo do poço e na escuridão da falsidade, sempre tentando sair, mas sempre afundando ainda mais terrivelmente". Uma coisa positiva disso é saber que os Santos são também exímios pecadores.
Mas além de Agostinho, um certo 'Defunto Autor', ou um 'Autor Defunto' se preferir, o picareta Brás Cubas me causou muita inspiração: Redescobri no personagem totalmente desiludido da vida, que conquistou o grau de Bacharel estudando as matérias árduas da universidade de maneira muito mediocrimente e sem precisar comprar o pão com o suor do seu rosto, características que todo cidadão padrão que não abre mão de desfrutar do privilégio do "jeitinho brasileiro" (Dissecado na crítica "Raízes do Brasil") sonha em conquistar, mas a deficiência de coragem o impede de confessar.
Todavia, só quero explicar que esse bla bla bla todo e sem relevância que falei até agora, serve apenas para reforçar uma coisa que Brás Cubas me ensinou: minha única virtude na vida foi não ter tido filhos.