O vazio do nada
Há momentos que um vazio muito profundo nos instala
Um turbilhão de pensamentos vem à cabeça
São reflexões de todas as matizes
Da infância, adolescência, início da fase adulta, entrada na maturidade e início da sensação de “volta”
Tudo fica sem sentido, seja passado, presente e futuro
O saber e sentir que o final se resume a uma sensação de um nada
É começar sentir que o tal nada é uma realidade que fugimos
Até onde podemos
E quando não conseguimos mais driblá-lo
O encurralamento se torna inevitável
E quando é muito forte
Tudo perde sentido
Absolutamente tudo
A sensação que dá
É pedir à força Superior
Que a tudo ver e sente
Faça alguma intervenção
Em nosso in
E, claro, que seja o melhor que Ela mesma
Entenda
Mas que elimine as angústias de um resto de passagem
Que tudo se resume ao nada no vácuo
Do resto a trilhar
É um vazio tão profundo, tão incomodativo
Que não encontramos entre os pares viventes
Ombros capazes de aliviarem qualquer vontade
Já que, embora ricos em idéias, mas redundem
Em seus ocos pensarem
A caminhos que somente nos levam a aumentar
A sensação que por aqui, realmente
Não dá mais para encontrar
Convencimentos e sentidos que resignifiquem
O pobre sentido do existir
Ou restabelecerem sonhos para se continuar caminhando
Até a derradeira e inevitável volta
Para um lugar tão louco de se saber onde e como é
Que os vazios mais se fortalecem
Quando se muito indagar seu conceituar
Nas palavras de Maria José Vírginio
São tantos porquês em Indagação
Que ela mesma responde: “Alguém sabe responder sem se perder?”
Pois,
São tantas vãs explicações ou tentativas
Que facilmente vemos o quanto somente
Buscamos e nada encontramos
Pela via da orgulhosa racionalidade humana
Que mal se explica e se convence...
Quando nos deparamos com a dor da partida
De um ente
Sabemos o quão pequenos ainda somos para aceitar
O que a nós também iremos passar
Daí, a importância de nos mantermos
Serenos, sem apegos profundos para menos
Se sofrer ou adoecer
Cujos efeitos pouco contribuem para quem partiu
Para quem ficou mergulhado nas saudades em laços
Mais íntimos
E até quando podemos nos antecipar
Partida, ao adoecermos ao ponto
De nos dar um desespero diante das sensações
De perdas e ganhos,
Onde chegamos à também pobre conclusão
Que o barco da vida
Navega em todos os mares
E há mares que nos levam a portos
Nem tão seguros conforme nossos aprendizados
A mesma poetisa pernambucana Maria José Virgínio em Um toque Lilás
Acima citada
Bem vaticina que a vida é um filme, não uma fotografia
Cujas cenas nunca se repetem,
Muito menos são estáticas
Talvez precisemos fazer ou refazer algumas
Em nosso não vão caminhar
Rumo a outros portos nela previstos
A chegarmos, porém de preferência seguros...
Mas seguros mesmo serão
Porque são uma das casas do Pai
Que a tudo realmente ver, sente e sabe
Sobre nós no ato da caminhada percorrida
Onde melhor poderemos voltar a caminhar
Talvez
Numa dimensão que Entenda
Merecermos chegar...
E para tal nada, não terá mais tanta importância
Já que na nova Casa,
O vazio do nada na passageira vida do presente
Nunca mais, presume-se e se espera,
Existirá...