Rabiscos de uma reflexão
Me sento em meio as ruas esburacadas da cidade baixa nessa noite de quase inverno. O frio começa a chegar, e já sinto meus pés gélidos em meus chinelos de dedos. Com minhas calças de pijamas por baixo daquelas calças amarelas manchadas daquela vez que comi uma sopa chique que demora vários dias para serem feitas. Observo as pessoas caminhando com pressa e aos tropeços. Sem olhar onde pisam. Sem olhar a lua cheia a iluminar a noite por dentre as árvores. E as fitas verdes, penduradas junto às pequenas lampadas na frente daquele restaurante, que balançam ao vento de forma tão sutil, com um brilho desajustado e uma certa beleza interior. E eu me questiono, será que eu consigo ser feliz por mais tempo? ou a solidão e a confusão vão me visitar algumas vezes por semana? Eu sei que isso não tem muito a ver com o que eu tava falando, mas é assim que meu cérebro funciona. O frio invade a noite, e a melancolia toma conta do meu corpo. Penso numa garrafa de vinho, músicas sobre amores que deram errado, minha cama, e sinto um vazio no meu peito. É um tanto quanto poético, mas não me sinto capaz de fazer poesia. Não encontro minha inspiração. Me sinto desconectada. Sem vontade. Sem propósito. Inexistente. E um tanto quanto inútil.