Um olho no destino, outro na paisagem
Um olho no destino, outro na paisagem
=============================ErdoBastos
Caminhar e caminhar...
É longa a estrada e os pés vem cansados, os olhos já sem o brilho da ilusão, mas, ainda, conservando o da esperança.
São olhos que já viram muito. Viram os fogos da alegria e o sal das lágrimas.
O peito fortalecido pela liberdade conquistada.
Um peito que já abrigou muitos ideais e a dor de alguns fracassos, de algumas ausências e muita saudade.
Um peito que conhece a resignação, não o desapego.
Não olho pra trás. Não ando pelo caminho já percorrido. Percorro-o por vezes, transportado pela memória a momentos nela tatuados. Vôo nas asas da saudade, mas me reservo o direito de olhar pra frente, de andar em frente.
Minha liberdade teve o custo de duas lágrimas. Uma de alegria e outra de sofrimento.
Paguei o preço dela e a exerço com a consciência tranqüila de quem disse muito mais vezes sim do que não durante a jornada.
Calei-me algumas vezes. Calado aprendi mais do que ensinei falando.
Nunca me calei constrangido, sempre emocionado.
Emprestei minha voz a quem dela precisava, sempre erguida a defender o justo, a igualdade e a liberdade.
Caminhar e caminhar... Sempre com um sorriso, por saber que a tristeza não vale o preço que cobra e que a alegria cobra o que, nem sempre, se pode pagar.
A estrada da vida não é sinalizada nem tem acostamento onde se possa parar pra descansar. Nela se deve sempre caminhar, e caminhar e caminhar...
Com um olho no destino e outro na paisagem, pois de nada serve andar numa estrada longa se não se aproveita as paisagens.
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