Nem certo nem errado. Apenas diferente
Vivemos em um mundo de exigências, padronizações e cobranças para que sejamos de determinadas formas, tenhamos determinados pensamentos e gostemos de determinadas coisas. Vivemos em um mundo que não nos pergunta o que queremos ser, o que queremos pensar ou do que queremos gostar. Vivemos em um mundo que tenta nos entregar um roteiro pronto a depender das circunstâncias através das quais chegamos ao mundo. Vivemos em um mundo que tenta nos condenar a uma história que nem ao menos pudemos ler. Mas ele só tenta. Porque a verdade é que a nossa verdade, aquilo que realmente somos, pulsa dentro de nós e nos leva a compreendermos que não queremos aqueles roteiros, não somos como aqueles padrões, não temos interesse em viver aquelas histórias. Queremos ser autores dos nossos próprios roteiros. Só que quando entendemos isso e começamos a colocar em prática, lá vem o mundo outra vez com as suas tentativas de nos intimidar e limitar, forçar-nos a moldes que não fazem sentido existir, porque seres humanos não são objetos para que sejam moldados, são seres únicos que merecem respeito em sua existência e em seu jeito de ser. Então o mundo nos ameaça. “Se você não seguir aquelas regras ninguém irá gostar de você. Se você não vestir aquelas roupagens então não será aceito em lugar nenhum”. O que acontece é que, por medo de acabarmos solitários, sem alguém com quem possamos nos identificar, a gente se rende, desiste de nós mesmos e aceitamos os uniformes da vida por mais que eles não nos sirvam e nos deixem desconfortáveis.
A maioria faz isso. Mas têm aqueles que não. Têm aqueles que “batem o pé” e insistem na própria verdade. Não querem que lhe digam o que ser, pensar ou gostar. Eles mesmos dizem a si mesmos o que são, o que pensam e o que gostam. E vivem a própria vida baseados nessas autenticidades. O preço? Em um mundo de padrões e uniformes são chamados de “diferentes” como se a diferença fosse algo ruim, abominável, escandaloso. Mas quer saber? Escandaloso é rejeitarmos a nossa própria existência e nos submetermos a regras que foram pensadas quando nem existíamos.
E essas pessoas “diferentes” crescem cercadas por tantos tipos de preconceitos... Crescem sendo atacadas, ridicularizadas, perseguidas e até mesmo ameaçadas. Sua existência enfrenta uma séria ameaça – a de ser apagada. Mas é por isso que tais diferenças precisam ser defendidas em seu direito de existir. Sabe por que esse ódio irracional se faz presente? Os uniformizados, que se sujeitaram aos padrões, que renunciaram a própria diferença apenas para que não vivessem em absoluta solidão, descobrem que foram enganados, que se sujeitaram, mas continuaram se sentindo sozinhos no meio daquele bando de gente conformada e igual. E veem nos “diferentes” a realização que eles não tiveram coragem de realizar. Odeiam-se por isso. Mas lhes é inconcebível a ideia de estarem se odiando. Então dirigem seu ódio violento a quem os confronta com a ideia de que é sim possível ser quem se é em um mundo de fingimentos.
A diferença não é certa nem errada. Porque não há jeito certo ou errado de existir. Ninguém pode dizer a quem quer que seja “sua existência é errada”, porque quando se trata de existir não há uma forma bilateral de pensar, mas uma forma múltipla de compreender o que é participar da existência. Então, você que é diferente seja pelo motivo que for, apenas aceite a sua particularidade. Dane-se as opiniões dos outros. Dane-se esse mundo de gente conformada com a própria mediocridade por apenas reagir a estímulos. Danem-se os padrões. Não seriam eles que salvariam o mundo? Mas veja só a que ponto chegamos. Ao de ter que dizer para que a existência das pessoas seja respeitada. Dane-se a hipocrisia. Viva a singularidade do existir!
(Texto de @Amilton.Jnior)