A ignorância do julgador
Parece que vivemos em constante julgamento. Julgamos e somos julgados. E esses julgamentos são sempre injustos, porque não permitem que todos os lados sejam ouvidos, permitem apenas que o dedo apontado tenha o direito de decidir pelo que será feito. E esses injustos julgamentos são também impiedosos. Retiram das pessoas a sua dignidade, o seu senso de humanidade, de pertencimento à espécie humana. O julgamento rotula, minimiza, desqualifica e limita. O julgamento não nos permite que olhemos para as pessoas perguntando-lhes “quem é você?”, o julgamento nos faz olhar para quem está ao nosso lado com a certeza “eu digo quem você é”, e nossas definições são, constantemente, baseadas em critérios egoístas que nos levam a conclusões ignorantes. Além de julgadores nós somos julgadores ignorantes. Ignoramos o direito do outro de contar a própria história e ignoramos a nossa incapacidade de dizer pelas pessoas quem elas são.
E julgamos por tantas bobagens. Por assuntos que não influenciam na nossa vida. Desde baseados no corte de cabelo, no tipo físico até por quem as pessoas beijam ou deixam de beijar. E nos tornamos medíocres. É isso mesmo. Nós somos medíocres por desprezarmos a nossa vida e prestarmos tanta atenção às existências que não são nossas. E cuidar de uma vida só é tão trabalhoso. Eu fico pensando em como essas pessoas encontram tempo. Mas então eu observo uma coisa. Aqueles que dedicam a sua existência para julgarem a existência do outro, acabam se perdendo de si mesmos, suas vidas são uma bagunça angustiante, eles sabem absolutamente nada sobre si porque estão perdendo tempo querendo definir e colocar em caixinhas as outras pessoas. E isso, além de mediocridade, é ignorância. Muitos, enquanto apontam seus dedos tortuosos, ignoram que a vida só nos é dada uma vez e que um dia teremos que devolvê-la.
Quem foi que nos deu a régua para medirmos os outros? A régua que temos em mãos é para medir apenas a nós mesmos, porque ela condiz à nossa realidade. Ou seja, você só pode comparar a si mesmo todos os dias. Foi melhor hoje do que foi ontem? Ou será que regrediu em seu progresso? Ou está estagnado no mesmo lugar? Você precisa se perguntar essas coisas dia após dia para que tenha uma existência gratificante. Para que faça uma passagem bonita por esse mundo tão vasto, diverso e maravilhoso. O mundo é grande. O mundo é imenso. Se você não gosta de alguém pelo motivo que for, talvez eu tenha uma solução para você: mude de lugar, o que não falta é espaço. Mas para que destilar toda a sua raiva em um julgamento mesquinho? A rua reação emocional à existência das outras pessoas diz mais sobre você mesmo e evidencia a sua própria insatisfação com a sua existência. Ainda não alcançou felicidade? Não será cuidando de escolhas e vidas alheias que você a encontrará. Pelo contrário. Quanto mais desperdiçar tempo com assuntos que não lhe interessam, mais se afogará nesse mar de desalento e inquietação. Quer ser juiz? Julgue a si mesmo. E condene-se a melhorar a cada dia.
(Texto de @Amilton.Jnior)