SUCINTA INTROSPECÇÃO

Hoje, não casualmente,

Num encontro comigo,

Eu naturalmente volvi

Os olhos da minha alma

Em sucinta introspeção,

Abri as pesadas cortinas

E adentrei as portas

Da minha lacuna interior

Preenchida literalmente

Por escombros ou pedaços

De sonhos desmoronados...

 

Eu percorri a explorar

A obscuridade substancial

Na essência do meu eu...

Eu vi o meu velho coração

Ciliciado pelos espinhos

De desilusões vividas

Em face de amores

Nunca correspondidos...

Vi fragmentos de mim,

Resquícios do meu coração

Oferecidos naturalmente

No banquete do desapego

Do que passou, para nutrir

O porvir ou tudo o que virá.

E dos recônditos de mim,

Eu ouvi o eco de um grito

A quebrar o silêncio,

O mímio silêncio, a muito,

Adormecido no meu ego...

Fora! Fora! Foooooora...

Era a voz do meu coração

Expulsando a atroz solidão

E tentando aos poucos,

Juntar os cacos, restaur

Ou reconstruir as ruínas

De um belo e grande amor

Que outrora existiu e resistiu,

Mesmo ignorado, fuzilado

Ou estilhaçado dentro de mim.

 

Citação: Lei 9.610/98

De fevereiro de 1998.