VIDA INTELECTUAL X VIDA BURRA

VIDA INTELECTUAL X VIDA BURRA

Quem deu crédito à palavra proclamada, em tempo de surdez e emburrecimento? Para o pensador, o que lhe fora dado à sombra da noite, no silêncio da madrugada, na solidão que se fizera. Na propiciação do pensamento para sua inspiração inconteste enquanto ali. No seu vazio, palavras não faltaram na tentativa de produzir algo para ofertar ao seu próximo, na crença de que ainda restará alguém disposto a compartilhar. A vida intelectual ainda é muito sombria num país de pouca leitura, num mundo em transformação, pena que não é para o bem. Dizia Monteiro Lobato: “Um País se com homens e livros”. O pensador é aquele que abre o leque para as discussões, nada é tão bom para quanto às contestações, contribuições. Desde muito cedo, meu pai lia religiosamente uma revista muito famosa e que ainda circula, a Seleções Reader’s Disgest. A revista traz de forma condensada um livro atual, um estímulo à leitura de diversos gêneros da literatura contemporânea. A diversidade de assuntos que trazia me fez apaixonar por sua leitura durante muito anos, colecionava todas as revistas com muito cuidado. Penso que, aqueles que a conheceram e leram, certamente desenvolveram a paixão pela leitura. Havia me cada edição a repetição de uma frase: “Quem lê sabe mais”. É verdade! A leitura de um livro é como uma viagem, o deslumbre de momentos em que o pensador trabalhou com carinho, talvez até esperando do seu ledor uma resposta. Pena que, a mecânica do trabalho desenfreado parece ter brigado com a poltrona e a rede onde se deliciavam das leituras de bons livros – e quanto aprendizado. Em contraste com a vida intelectual, a vida burra parece satisfazer mais com a mediocridade, o banal, um desperdício de inteligência. No meu último lançamento: “Cercado por Anjos”, o que não chegou a ser apenas um grama, um misto de romance regado por uma Teologia sobre os anjos. Recebi um feedback muito positivo, disse meu ledor: “eu ri, eu chorei e fui desafiado a entender um pouco sobre os anjos”. Como é bom para nós escritores esse retorno. É bem verdade que, nem sempre acontece dessa forma, existem aqueles que gostam de contestar tudo, porém, são também benvindos. Fico muito triste quando vejo livrarias fechando as portas. O livreiro, geralmente é uma pessoa que ama a leitura, e quando é abordado por algum cliente, ele está sempre pronto a comentar sobre os livros e recomendar a sua leitura. Quem lê passa a ter conhecimento das palavras, passa a fazer bom uso no seu discurso, e dá prazer ao seu ouvinte. No entanto, aquele que não lê, às vezes é um expert na busca de anúncios nos jornais, ou em fazer recortes de cupons promocionais. Esse que assim age, não chega a perceber a sua mediocridade, e desta mesma forma julga os intelectuais como se fossem pessoas “metidas à besta”, como gostam de nominá-las. Quando na verdade, grande maioria dos intelectuais são pessoas até mesmo tímidas, amam escrever, mas detestam o público. Não sabem que o intelectual é um pensador, aquele que gasta boa parte do seu tempo pensando para os que não gostam de fazê-lo; muitos dão a vida na produção literária – bem que todos mereciam, como merecem ser reconhecido e admirado. Da mesma forma é aquele que dá sua vida na produção de um Jornal, ele o faz pelo prazer de se envolver com sua comunidade, mantê-la informada acerca do que se passa, não somente na sua comunidade, mas também no seu Estado, País e no mundo. “Quem escreve um livro cria um castelo, quem lê mora nele” – Monteiro Lobato. Quando morre um intelectual, o mundo fica mais burro.

06-04-2022