Quando a verdade estanca a garganta
Não podemos obrigar/exigir que as pessoas sejam sinceras conosco. Mas imaginamos que ainda exista essa possibilidade...
O Respeito é a única via para que esse caminho seja percorrido com serenidade.
As palavras estão sujeitas a falsear aquilo que deveria ser dito, e os motivos mesmos desprezíveis em relação à primazia das questões verdadeiras, muitas vezes, refugiam-se no medo de não encarar a realidade e assumir perante si mesmo que errou.
Assim são a maioria dos mortais que temem não o que fazem, mas o descobrir de seus feitos...
Mas o pior é que talvez todas essas inverdades não conseguem ser o suficiente para que o reflexo do espelho diante dos olhos, face a face, não consiga revelar a farsa do script inventado para a calhar as lacunas da verdade que foram levadas ao anátema.
Colocar a cabeça sobre um travesseiro sem rever os atos materializados e nada sentir, é a prova cabal da desumanização das pessoas ao conseguir apenas olhar para aquilo que lhe preenche o prazer e, ao mesmo tempo esquecer que alguém está sendo usado e brevemente será descartado como algo sem valor algum. E o pior, acreditando em você...
Esta sociedade bestializada e medíocre, que tratam as pessoas como algo como valor de troca e valor de mercadoria, cada uma com um valor peculiar, deixa de perceber que são humanos, que têm sentimentos e que esses sentimentos não podem ser mensurados por um valor palpável e que envolvem outras pessoas. É a mais frieza das ações covardes em sã consciência.
É por isso que o desrespeito aprofunda todas as dores, pois as pessoas passam a serem vistas como algo comprável, uma mercadoria que uma vez pago seu valor, dar-se por encerrado todas as suas crises...
Neste momento, estou conversando comigo mesmo, mesmo sabendo que em tudo existem outras percepções, pessoas, circunstâncias, enfim coisas que não querem vê-las, mas é real, tão certo como o pulsar de nossas veias.
O fato é que nem sempre temos a dignidade de encarar a realidade nua e crua como se apresenta, e isso é a consumação de nossas fraquezas e covardias perante o que se sente e perante o outro.
Nesse jogo de interesses, fantasiamos o enredo do bom senso e da boa convivência e nos deixamos transparecer que somos sensíveis e que reprovamos todos os atos de desrespeito que, costumeiramente, esbarram em nossa face como algo reprovável, mas natural para a nossa sociedade ou para o tipo de consciência que acreditamos ser correta.
Nossa sociedade está em crise de sua existência, e o desencontro muitas vezes tem sido o caminho percorrido pela maioria das pessoas, que ainda não se conhecem, e de que suas ações ainda não se encontram norteadas por uma razão/ideia de certo ou errado.
Recife, 03 de abril de 2022