Só palavras
Nem sempre o que se espera das palavras são ditas.
Vejo que as palavras não são a única forma de materializar as coisas...
Pelo contrário, toda nossa linguagem é simbólica, mas nem todos têm a sensibilidade do sensível e à visão do abstrato.
O fato de ser abstrato não significa o oposto do real ou do concreto, mas da falta de sensibilidade para enxergar e entender algumas coisas.
Cada gesto e cada olhar falam tanto por dentro, do que se passa por dentro, do que se sente por dentro que às vezes imaginamos que aquilo que estamos vendo não é, de fato, concreto.
A sensibilidade das coisas flui muitas vezes de forma sutil, mas nunca imperceptível...
Achar guarida em solos férteis de verdade, é uma raridade que precisa ser cultivada, antes que a tirania da circunstância plante sementes de dor e decepção...
Essas sementes quando plantadas crescem rápido, procurando ofuscar/sufocar a semente que cresce devagar, no seu tempo, mas com segurança, estruturada e com sentimentos verdadeiros...
Com o passar do tempo certas coisas não ditas passam a ser vistas com um olhar mais apurado do real...
Percebe-se, portanto, que a ingenuidade perdida não foi fruto do acaso, mas das escolhas que, bem ou mal foram respeitadas.
Nem por isso, o respeito se estendeu a todos, pois a verdade deu lugar a mentira e o que se acreditava deixou de existir.
As águas seguem, os rios fluem, a chuva cai e levam consigo tudo que estava no ar e pairou sobre a terra, na esperança de que um novo dia está pela frente, renovando nossas esperanças de ver o mundo de outra forma.
Talvez tudo seja real...
Menos para quem acreditou!
Luiz Carlos Serpa
Recife, 1° de abril de 2022