Freud e a sua falácia lógica
A sexualidade é avassaladora, é a absoluta permissividade. Ela nos faz pôr o nosso ego no mais alto pedestal, o tornando, assim, o absoluto. A sexualidade tomada ao extremo, como a determinante, nos faz reduzir tudo a ela, sendo assim, a ela tudo será redutível. A ela tudo sendo redutível, nada é, por outra forma, a sexualidade é tudo. Como mostrado em um dos meus textos, a pulsão de morte é apenas uma tentativa de solucionar este grande problema, mas uma tentativa vã, assim como a coisa-em-si. Interpretar a morte como algo mítico, não retira dela seu caráter naturalista/materialista, nos trás à sua psicanálise uma concepção deveras trágica do ser humano, regido por duas pulsões em dialética numa tentativa infeliz de superá-la. Pois bem, isto nada mais é que naturalismo metafísico e, sendo assim, reduzido jaz tudo ao devir, a vida (orgânica), logo, a sexualidade. A morte já está implícito no pulsar da vida, o momento em que o gozo cessa; o impulso de permanecer no não-ser, se eternizar. Em suma, viver também é morrer e morre apenas quem outrora vivo estava, isto é, a sexualidade (pulsão de vida) é o autêntico significante. Portanto, o que Freud fez foi apenas ludibriar o problema com artifícios retóricos, por fim, morre quem vivo estava; a sexualidade também é o medo de cessar, a sexualidade pede o infinito. Por pedir o infinito não deve ela se bastar (necessidade). Daí o absurdo da afirmação de Lacan, "O neurótico é o perverso que não se aceitou", era a única coisa que restava desde a fundamentação da psicanálise, esta estapafúrdia ao reduzir tudo à sexualidade.
[...] Premissa: A psicanálise não é uma tentativa metafísica de explicar os males psíquicos.
O sentido (objetivo, vetor) da lei não é ela mesma, isto é, o privar (abster-se) é para algo (um funcionamento). A razão da lei é ela mesma, pois ela valida-se. O significado da lei é ela mesma. A lei se retroalimenta. A lei é necessária. A lei necessariamente e ininterruptamente se retroalimenta. Portanto, a lei é (!?).
Rematando, o princípio de realidade (pulsão de morte) regido pela instância do superego, que trás a tona o nome do pai, não é suficiente para validar a moral, sendo assim, também a ética, pois jaz apenas jogo de aparência. O nome-do-pai é vazio, ou ele remeta a algo para além dele, ou ele continuará um conceito desprovido de coesão externa. Este absurdo lógico leva a psicanálise a aporia (assumindo ela como algo mais próximo de um sistema filosófico, um sistema de ideias).
Notas
Coesão externa: É um atributo necessário e fundamental para que um conceito o seja de fato. É a coerência que um conceito tem ao se desenvolver com sua (s) fundamentação (s). É a consonância entre sua (s) positiva (s) e negativa (s).
Sistema de ideias: É um conjunto ordenado de ideias que se relacionam em torno de uma ou várias ideias da filosofia. É uma iniciativa individual ou coletiva que se propõe a explicar determinado comportamento que o leva a se tornar, aos poucos, um sistema, isto é, um conjunto que compõem vários outros. É um sistema de pensamento que se relaciona diretamente ou indiretamente de forma intensa e profunda com a filosofia.