Sem sonhos, a alma esquece

O tempo essencial a tudo esquecer

As bolachas abiscoitadas na mente

O desejo quente por farinha, feijão

Não há altercação entre celerados.

A sorte até que dá, mete inspiração

O rebanho não sabe escolher o lado

Na nudez da esquina espirra sangue

O alarme acende a volta da servidão.

No louco não há sonhos pela cabeça

A ceguidade acerta míseros delírios

Na porteira recuada ordena remissão

Tenta fugir, mas se borrará na prisão.

Desafinado pega o encanto no samba

Joga no canto o nó preso na garganta

No esgoto, regurgita deletério líquido

Amanhece com liberdade deteriorada.

Não tente se explicar no verbo acabado

O céu tão ausente não atende as estrelas

O amanhã será apenas dor e sofrimentos

Ao solo do clássico assobiado pela boca.

Quando chegar o pessoal do nevoeiro

No navio encurralado pelos famintos

Não sobrará uma gota fresca do suor

Há casernas curvas a sonhos infelizes.

Entre os muitos dos sambas de enredo

A história confessa pecados em versos

Nunca se esqueça de cunhar a cruzada

Deitado sobre o sabre sofrerá acordado.

Cromeu
Enviado por Cromeu em 23/03/2022
Código do texto: T7479348
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