Sem sonhos, a alma esquece
O tempo essencial a tudo esquecer
As bolachas abiscoitadas na mente
O desejo quente por farinha, feijão
Não há altercação entre celerados.
A sorte até que dá, mete inspiração
O rebanho não sabe escolher o lado
Na nudez da esquina espirra sangue
O alarme acende a volta da servidão.
No louco não há sonhos pela cabeça
A ceguidade acerta míseros delírios
Na porteira recuada ordena remissão
Tenta fugir, mas se borrará na prisão.
Desafinado pega o encanto no samba
Joga no canto o nó preso na garganta
No esgoto, regurgita deletério líquido
Amanhece com liberdade deteriorada.
Não tente se explicar no verbo acabado
O céu tão ausente não atende as estrelas
O amanhã será apenas dor e sofrimentos
Ao solo do clássico assobiado pela boca.
Quando chegar o pessoal do nevoeiro
No navio encurralado pelos famintos
Não sobrará uma gota fresca do suor
Há casernas curvas a sonhos infelizes.
Entre os muitos dos sambas de enredo
A história confessa pecados em versos
Nunca se esqueça de cunhar a cruzada
Deitado sobre o sabre sofrerá acordado.