Sobre amar a noite
Imagino eu, que a noite só seja amada por aqueles que não a veem de perto.
Aqueles que não conhecem os gritos agônicos
que ressoam durante o brilhar das estrelas.
Só por aqueles que não conhecem os becos escuros,
Aonde moram monstros que vivem escondidos,
entre as sombras feitas por lampejos de luzes falhas.
Entretanto, talvez, alguns amem a noite justamente pelo que ela esconde à olhos desatentos.
Talvez os que enxergam verdadeiramente os pequenos detalhes, e ouçam não só os gritos,
mas ouçam também os sussurros de paixão expressa, timidamente, aos olhos da lua.
Talvez, só ame a noite, os que olham, não para ela, mas através do que ela pareça ser.
Imagino eu, que as luzes oscilantes que iluminam os vazios,
Possam ser também, pequenos alívios aos que buscam claridade para seus passos.
Assim como aterrorizantes, aos que estão acostumados a viverem nas trevas.
A noite, assim como dia,
A lua, assim como o sol,
são compreendidos, apenas por aqueles que enxergam além de si mesmos...