I-XXVIII Jaezes de vida e morte

Este fato infundado que afirma ter-me como teu, está sob loucura!

Hoje apego-me à desonra de meu cargo, e não mais me rebaixo.

E quem por carência faça, por paixões insensatas, são donos de mentes devastadas.

Ouvir-te-ia até o fim se me permitisses mudar o que falas de mim.

Daria ao chão o que faz de mim foragido neste mundo perdido.

Aproxime-se de mim, diga fazer isto por si,

surpreenda-me nesta história nossa, dividida entre minha e vossa.

Se ambos tivéssemos direito às partes.

Se permitisse-me ter, além da minha, também a vossa.

Se ainda se encaixassem.

Seriam só partes de um fim sem vantagens.

O recebo, então, com a maior das alegrias e a menor das gratidões.

Viver o que não me tem pertencido,

sofrer pelo que já havia aprendido,

são exemplos de irônicas misericórdias que tanto dispus-me a receber sem que eu lembre de querer.

Murilo Porfírio
Enviado por Murilo Porfírio em 12/03/2022
Reeditado em 08/10/2023
Código do texto: T7470873
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