I-XXVIII Jaezes de vida e morte
Este fato infundado que afirma ter-me como teu, está sob loucura!
Hoje apego-me à desonra de meu cargo, e não mais me rebaixo.
E quem por carência faça, por paixões insensatas, são donos de mentes devastadas.
Ouvir-te-ia até o fim se me permitisses mudar o que falas de mim.
Daria ao chão o que faz de mim foragido neste mundo perdido.
Aproxime-se de mim, diga fazer isto por si,
surpreenda-me nesta história nossa, dividida entre minha e vossa.
Se ambos tivéssemos direito às partes.
Se permitisse-me ter, além da minha, também a vossa.
Se ainda se encaixassem.
Seriam só partes de um fim sem vantagens.
O recebo, então, com a maior das alegrias e a menor das gratidões.
Viver o que não me tem pertencido,
sofrer pelo que já havia aprendido,
são exemplos de irônicas misericórdias que tanto dispus-me a receber sem que eu lembre de querer.