A imaginação e o Ser
A imaginação nos faz tropeçar no ridículo, não só o próprio da imaginação, mas o que ela trás a tona com sua ingenuidade de nada querer além de si mesma. A imaginação não define a si mesma e por não definir a si mesma não tem um objeto específico. Isso não seria produto de uma definição, mas é em essência seu atributo de não ser ou em não ser (no enquanto ser). A imaginação por definição, em não o ter, não pode assumir isto como uma, isto é, a imaginação, que por o ser, é desconhecida para consigo. O desconhecimento que a imaginação carrega para consigo mesma é o mais límpido exemplo de sua ingenuidade. A imaginação nada pede além de um toque suave ao tratá-la como algo e ao tratá-la como algo ela deve, pois, deixar de ser, tornando, assim, em termos, não-ela-mesma. A imaginação é indiferente a si mesma e ao tomar posse dessa indiferença como algo, assume-se logo em seguida uma substância para esse algo (já que o algo é a delimitação de um terreno, o alicerce de uma casa, a planta, em síntese, a planilha do vir-a-ser), que é a de não ter (niilismo). A imaginação engana a si mesma ao por em prática seu imaginar, ao imaginar (ela?) que estará sendo ao deixar-se, eis a falácia do real, como pode algum dia algo tornar-se não mais esse e permanecer a si mesma íntegra? Ao tornar-se isso a imaginação é obnubilada de sua natureza, que é apenas essência em nomes (ideias, formas), sendo que não pode atribuir a si mesma essa como uma definição, pois tornar-se-á isto. [...] A imaginação por ter apenas negativas não pode esta ser uma positiva. Por não ter objeto não pode ela ser sujeito.