O ESPAÇO PSICOTERAPÊUTICO

Quando realizo um atendimento psicológico, aquele que eu aconselho e compreendo pode ser designado como um ser-paciente, ou seja, como um ser mais passivo diante de alguém revestido de um manejo técnico-científico e capaz de propiciar as condições para esse indivíduo se escutar e se desenvolver; ou, então, como um ser-agente em processo de resiliência e ativo na criação de sua própria história, como uma pessoa cuja condição é se responsabilizar pelas suas próprias ações e construir suas próprias considerações sobre a vida através de reflexões sobre seus sofrimentos e dilemas pessoais? Uma tal resposta certamente exige que consideremos o sentido de ser da relação terapêutica. Penso, pois, que uma tal relação é muito mais do que um ambiente gerador de um saber trazido de um ser para outro, mas também um espaço onde terapeuta e consulente cumprem suas tarefas de uma maneira mais ativa e mais em conformidade com sua liberdade de ser. Se o psicoterapeuta é quem pode facilitar a descoberta do seu semelhante acerca de seus potenciais de autorrealização, transformação e transcendência; é o analisando que, ao falar sobre seus sintomas e dificuldades, tem a condição de se ouvir e aos poucos criar uma forma de se desenvolver por meio de novas percepções sobre seu ser, nas quais são possíveis por meio de uma escuta diferenciada e também pela arte da compreensão. Tudo o que se realiza nesse processo não deixa de ser uma espécie de dialética onde o saber se produz por intermédio da empatia, do amor, da solidariedade, da atenção e da confiança, florescendo como uma planta regada pelos húmus da perseverança, da aceitação e da boa convivência.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 07/03/2022
Reeditado em 07/03/2022
Código do texto: T7467307
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