Internado
O corpo tem seu curso
Ao chegar a uma estação
Deixa um pedaço de si
Que no amanhã
No seu todo fará falta
Passando noutras estações
Mais fragmentos da existência
Vão ficando
Nos intervalos
Sempre intercorrências
Baterão à porta
Seja nos fazendo parar
Para avaliar
Seja para nos anunciar
Que algo está além do alcance
Para se continuar a caminhada
Nesses instantes do pensar
Um turbilhão de impaciências
Vêm à tona
De um simples zumbido
À incompreensão alheia
Se instala
Geralmente os mais próximos
Sentem a antipatia
Egoísmo? Não
Mera defesa inconsciente,
De se buscar um isolamento reflexivo, quiçá...
A impaciência dos desarranjos internos
Impõe novas ideias e vãs raciocínios
Que o tempo da e na vida
É implacável aos mortais
Nos mostrar
E no saber amadurecido
Do que se passou, passa ou passará
Impõe-se a pensar
O passado sem volta (e não tem como)
Só saudades tomarão conta
Do presente
E o futuro, incerto do por vir
Será a única certeza que inda
Estar-se caminhando sem saber
Quando e onde se vai
Definitiva e fisicamente, chegar
Divagações de um mero
Internado é o que pode
Unicamente concluir
este pensar...