Costume
Acostumei-me com o canto dos pássaros e o barulho das ondas,
com o nascer e o por do sol.
Acostumei-me com as crianças correndo e os idosos sentados,
com os jovens namorando e os adultos trabalhando.
Acostumei-me com acordar cedo e dormir tarde,
com perseguir sonhos e as vezes deixa-los de lado.
Acostumei-me com as religiões e seitas,
com Deus, anjos e demônios.
Acostumei-me com as doenças e as curas,
com a saúde e o padecimento.
Acostumei-me com as alegrias e tristezas,
com o bom e o ruim.
Acostumei-me com as guerras e a paz,
com o bem e o mau.
Acostumei-me com o nascer dos bebês e o falecimento dos velhos,
com a vida e a morte.
Acostumei-me a me acostumar,
e hoje percebo que o costume me tira prazeres, me torna indiferente, me faz mais ou menos querido, me robotiza e me limita.