Desisto!

Fiz tudo e de tudo

Desde pequenina

Para ser aceita

Para ganhar um sorriso de aprovação

Engoli sapos, rãs, escorpiões,

Tratei bem gentes peçonhentas

Cuspi escondida formigas lava-pés que estavam na garganta

As supus bem tratadas, mas não estavam.

Dei me de dia, de noite, de madrugada ao trabalho,

Era necessário sobreviver.

Esgotei minhas delicadezas

Sorri apesar de

Ouvi ainda que

Rezei muito embora difícil faze-lo,

Até que

Num ímpeto de salvação, ou demolição (social)

Esbravejei muito e sem por que

Não sorri mais nem para mim mesma.

Pensei em desistir.

Ouçam todos-todas, ancestrais e descendentes,

Passo a seguir o curso do riacho, do ribeirão, do rio

De mochila, com o alimento que dispuser, com a vida que me restar,

E que mais que por misericórdia ou falso testemunho, espero “boinha”.

Porque não é aqui o mundo de águas límpidas, das coisas que dão alegria, das espontaneidades, da claridade, da leveza e da calmaria.

Antes que fique tarde demais, porque tarde já é,

Sem pedir mais de mim, nem de outrem,

Eu estarei livre,

Do rascunho do amor,

Das consequências trágicas do amor

Das amarras do amor ( Não a fitinha)

Da rigidez do amor

Chega desse amor que tiraniza

Desistimos: eu, meu ego, minha menina, meu superego, minha autoestima, minha tolerância, minha foto na parede.

Ainda que saiba que meu cérebro esquece e recicla desejos,

Hoje,

desisti!