O REAL VALOR DA BONDADE
Só conseguimos ser bons no sentido ético e moral quando, apesar da indiferença alheia, mantemos a mesma atitude frente a vida e uma coerência entre o que pensamos, sentimos e comunicamos, numa disposição à alteridade que vai além de qualquer aparência, numa condição que dispensa o exagero dos holofotes e dos aplausos de quem nada sabe sobre os segredos e nuances de nosso coração. Nesse caso, vivemos tão somente numa bravura admirável, ou seja, agindo de acordo com a verdade de nosso ser interior e em conformidade com a nossa integridade, num exercício de generosidade independentemente da validação de outros para reconhecermos que o que fazemos é algo de caráter proveitoso e honesto. O valor da bondade não reside no que queremos demonstrar para sermos admirados, mas é uma dádiva que alcança todo nosso ser e nos faz ser sem que precisamos querer ser o que não somos. Simplesmente somos benéficos pelo singelo prazer de partilhar com outrem o que temos de melhor em nosso ser e atentarmos com a arte da compreensão para o que o nosso interlocutor quer nos expressar e nos comunicar, transcendendo a nossa condição limitada em direção ao diferente que aos poucos pode vir a se tornar tão próximo e semelhante e até mesmo familiar.