tranquilidade

Eu não consigo ter sentimentos profundos como eu tive outrora. Os momentos de grande violência de sentimentos nunca mais vieram como costumavam vir. Até em minhas paixões eu tenho sido contida.

O quanto eu sonhei com isso.

Com esse momento de calmaria.

Com o arco-íris depois da tempestade.

Com o mar calmo para o marinheiro.

Acontece que os sonhos têm uma característica estranha:

a de que, quando se tornam reais, você percebe os problemas que sequer imaginou, quando os sonhara.

E a característica que estraga a realidade que sonhei por anos é: que a tranquilidade, para uma pseudo-poetisa, deixa a vida um tanto entediante e cinzenta.

E por alguns meses, quiçá quase ano e meio, eu tenho me sentido meio morta em razão dos tempos de tamanha tranquilidade e clareza. A paixão não me arrebata. O amor não me acerta. E os dias passam, das seis ao meio-dia, do meio-dia as dezoito, da meia-noite até as seis, sem qualquer força motora que me levasse a seguir.

O vinho acaba. A noite chega. Não existe um colo para deitar. Essa é a tranquilidade que desejei.

b bezerra
Enviado por b bezerra em 12/02/2022
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