Eu sou negra
Em minha cor
Mais que cor
Uma promessa ancestral
Uma dor que dói
Um prazer que constrói
A alma que dança
Os peitos leitosos
O longa metragem dos prazeres
A amargura doce de ser negra
Na esquina a morte
A ideia era escapar do navio negreiro
Escrevendo bilhete em nossas tranças
Cuidar um dos outros
Amar apenas os nossos homens
Tratar de suas feridas
Com um torço na cabeça
E uma chita amarrada no quadril
Na mão um pote dágua
Um cotidiano escravo
Ocupavamos as senzalas
Estrupraram nossas mulheres
Mataram nossos filhos
Espancaram nossos homens no chicote
Desmamaram nossas crianças de colo
Massacraram nossos velhos
Após a nossa carta de alforria
Cantinuamos escravizados
Continuam nos matando
Os tempos são outros
Mas a história
Ah a história só se repete !
Esmeralda