Códigos e sinais
Se eu soubesse do seu código,
De um fio, condutor,
Um número preferido,
Uma carta de tarô,
Um sinal do tempo,
Um sinal dos tempos.
De elementos a serem comunicados em sinais de fumaça,
O bilhetinho pronto para o pombo correio,
O momento exato para registrar a melhor configuração das nuvens no céu,
Ou,
quando bem fosse o instante do fruto abrir-se para semear,
ou aquele outro em que a flor mais te perfumaria (a percepção!), eu os coletaria,
Ou ainda, descrever como um Proust todos os cheiros que te poderiam inundar, tais como os do sol, o das madrugadas, o da maresia,
Se eu soubesse, os declararia,
ou os rezaria de mãos postas,
ou os vocalizaria em doze oitavas.
Então, à noite,
os olhos muito abertos para de tudo lembrar,
me colaria em um abraço apertado
e assim, como para não suportar mais qualquer distância,
eu encontraria o caminho de volta, o êxtase:
expressão magnífica de corpos e almas.