É no vazio que a alma se espalha,

se contorce, se alonga, se aconchega, se encolhe.

Deixa-se não ser nada, sacode a toalha,

na inquietação de não se saber.

 

O que, exatamente, está acontecendo?

Quem tece esse emaranhado de fios

que nos cerca e nos prende?

 

E o olhar arde, a gente cansa

de ver, de entender o rebuliço

que permeia entre o vão do riso e choro.

 

Um fantasma assusta a alegria:

Boooooo! A gente acorda fria,

procurando o engodo que nos cobria.

 

Depostos dos falsos postos.

Piedade é apenas palavra solta,

num dicionário qualquer ou nas leis ditas de Deus.

 

O perdão fica por conta de Mateus,

porque aqui a coisa é diferente,

os sentimentos são frios, quase não se sente.

 

Aqui se mata gente, por preconceito,

por ser um pouco diferente do que

os hipócritas chamam de normais.

 

Há um ódio regado pelo medo de não ser.

Não se vê leveza nem nas pessoas que

um dia achamos conhecer.


Que mal é este

dos habitantes deste mundo?

Diga-me você.

 

 

 

 

 

 

TACIANA VALENÇA
Enviado por TACIANA VALENÇA em 05/02/2022
Reeditado em 05/02/2022
Código do texto: T7445586
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